quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Sussurros do caminho


Desconheço o autor da imagem
Via pinterest
Eu não sei onde isso vai dar, mas vai dar 
Também não sei se vai chegar, mas quero que chegue 
Onde? ... é algo que está ali, adiante, 
sussurrando há tanto tempo! 

E nada decifra aquela esfinge de cabeça nua 
E por trás, a lua que não decide em que fase está 

Não sei 
Eis o que diz os versos da vez 
De vez, talvez aquele que não é maduro 
E se come com gosto, na salada ou puro 
Vai, vai de gosto 
ou não, talvez não vá, fique ... Não sei 
eis o que diz os versos da vez, de vez 

E nesses desvios, vão se formando os detalhes 
Desse que os abraça, enquanto, eles, trafegam 
E desenham, faz contorno pra todo gosto 
Até chegar ali, onde o sussurro permanece 
Fica mesmo... e vejo ele, mas em movimento 
O tempo todo ...com lances de desaparecimento 
Nulo, nada, desaparece e enlouqueço 
Bebo um gole do verso e retomo a curva 
E quando vejo, lá está, ele a sussurrar ... 

“ – vai, segue adiante, volte, retorne, corra e pare, ande devagar, 
sinta, pense, clareie e obscureça... viva teu nome!” 

O que é? Já disse: 
É o fruto que não amadureceu 
e no verde da “amadurecência” 
está lá, de vez ... 

e saboreio com gosto, saboreio mesmo 
misturo na salada, viro-a do avesso 
e bebo cada pedaço sem fim e tudo o mais do recomeço 
enquanto a “amarelecência” não vier 
eu inteira no maduro do fruto que estou 
resta-me sorver, transbordar, cingir o vazio, 
preencher comigo ... esse tecido, roto! 

Kátia de Souza 
(01-10-2019)