quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Por que escrevo?

Imagem por Kátia de Souza
Me perguntaram: por que escreves?

Respondi: sei lá, nasci assim, com os dedos inquietos a caneta na mão, o punho em movimentos curvos e as vezes retos ...

Escrevo para mim ... Me ver além desse corpo, no poema, corpo de letras , nas asas do som que os símbolos trazem ao pronuncia-los devagar e nas rajadas da música, quando rápido, uma forma de meditar ...

Ou talvez seja por que quero me ouvir no coração do outro, conhecer outros campos na boca de quem lê, na alma de quem sente, me sentir refletida sem limites, ouvir meus ais e ois sem barreiras, fronteiras que me reparte ...

... escrevo por escrever, nasci assim e me deram um nome: "poeta" e talvez seja ou não, talvez até queira ou não, apenas faço e não penso, apenas sinto e deixo, caminho pelos vãos da minha alma, pelas letras e poemas que a poesia que sou, me traz ...

Afinal, poesia somos todos nós e alguns decidem escrever, outros, cantar, outros, pintar e por aí vai... Alguns falando, cantando, até silenciando, andando, dançando... Ahhh que linda maneira de se ser poesia, é dançar!

A poesia está aí e até na arte de perguntar e ouvir sentindo, se abrindo, correndo e sendo a arte desse que escreve e você se vê ali, se reconhece e jamais esquecerei porque sempre estive...

Talvez eu escreva para essa arte de nos fazer lembrar daquilo que jamais partiu ...

Na verdade, acho que escrevo por tantos motivos, motivos esses que não cabem na margem do papel ou nos parâmetros da tela desse computador, porque a alma e a poesia não tem limites, são assim mesmo, sem educação... E passeiam pelo infinito e eterno... são donas dessa imensa virtude chamada vida.

Qualquer definição ou resposta justificando um ato que nos contorna em pretensa agonia de nos findar em palavras, macula, deixa de ser o que é para vestir-se de qualquer coisa, portanto, deixo ser e vivo o que o soprar de dentro que me encaminha! 

Por que escrevo? Não sei!

- Kátia de Souza -
(em 2017 reeditado em 19-12-2019)