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É estranho o cansaço que me habita. Pois nele, nasce um sorriso de contentamento. Nunca vi sorriso ser coisa de cansaço; vê-se mesmo é apatia, bem verdade! Mas, eis que o estranho do momento é o cansaço e nele, um sorriso sorrateiro em par. Talvez, o cansaço seja, das dunas erguidas de nossas mãos, areias de desertos que nos habitam onde a aridez é nosso mar em recepção. Recebemos através dos olhos nessas terras secas e delas, fazemos brotar miragens de flores sem notarmos. Piso o deserto em crepúsculos íntimos e vejo-o sempre em sua nudez e tomo-me ali, como espelho de algo que não sei se vejo. E como o não saber é só silêncio, deixo que as dunas e desertos me cansem e sorrio para o mar de vento. E planando então, concedo a mim esse breve espaço onde o jardim é pleno em contentamento.
(Kátia de Souza - 14-05-2020)
