domingo, 26 de setembro de 2021

Ninguém ensina ninguém...

 

Na imagem: arte de Claudia Tremblay

🦋Ninguém ensina ninguém. Em determinadas situações na vida adulta, principalmente, só a experiência pode trazer algum saber a todos nós, do contrário só há a ilusão de que estamos “fazendo o bem ou ensinando algo a alguém”, através dos nossos conselhos.

🦋Em nossas relações, no mínimo fazemos parte da loucura ou sanidade alheia. Nada além dele ou daquele outro, existe. Só ele vê, só ele sente, só ele sabe. Assim como nós. Nada existe além daquilo que enxergamos e de nós se revela para que saibamos mais um pouco do que em nós é.

🦋Ensinar alguém ou mostrar certos caminhos como o melhor, é no mínimo pretensão nossa de talvez, sermos os conhecedores de alguma coisa, mas se conhecemos, conhecemos em nosso trajeto, diante da nossa lida, nossa experiência que é tão única e intransferível. Todos terão que ultrapassar porteiras e trilhar seus próprios caminhos para saber o que nós, de verdade jamais saberemos, só ele saberá.

🦋Enganamos-nos com as semelhanças e acreditamos que somos iguais e daí nos inflamos em nossas intensões de uma mestria ilusória. Se há um mestre, este habita apenas a ti e para ti mesmo, mais ninguém.

🦋As semelhanças nos são ofertas da vida, assim sinto. Isto, pois, através delas podemos nos encontrar e quem sabe partilhar de experiências tão parecidas, mas sentidas de formas tão únicas.

🦋Acredito que na tentativa de nos afastarmos da loucura alheia ou de sua suposta sanidade, tentamos trazer “nossos ensinamentos” para que o outro enxergue pelo nosso olhar enganoso(que nos engana na maioria das vezes porque não enxergamos o todo) e assim, passamos não mais existir, através desse outro que nos escancara “certas vergonhas” que não confessamos nem para nós mesmos. Se o outro nos seguir em nossas ilusões, de certa forma, este, deixa de mostrar algo que não queremos ver. Se isso fosse possível claro. Porque de uma forma ou de outra acabaremos encontrando a mesma questão ou aspecto em outras situações ou mesmo em outro momento, na mesma pessoa. Enfim, não há como escapar de nós mesmos. E às vezes, uma situação conflituosa é mais uma solução do que um problema de fato porque ali, há a oportunidade de resolvermos algo em nós que talvez estejamos inconscientes.

🦋Sinto que a postura diante da necessidade de aconselhamento, ensinamento ao outro do nosso ponto de vista, deve ser como a da criança que curiosa busca explorar todo o ambiente ou brinquedo para reconhece-lo e saber como brincar com o mesmo. O brinquedo ou o que precisa ser explorado, somos nós mesmos e curiosos de nós, podemos ir “pé ante pé”, devagar e com muito cuidado reencontrarmo-nos nessa situação onde estamos impelido a aconselhar ou ensinar algo. Isto, pois, está envolvido o nosso coração (alma) e também a alma alheia, portanto, para mim “terreno sagrado” que independente de qualquer coisa, merece nosso respeito. E caso sintamos que não temos a condição de respeitar isso, calar ou mesmo nos distanciar é uma saída para que as nossas ações não sejam destrutivas. Sabendo “brincar” ou nos relacionar conosco mesmo, certamente, isto se refletirá em nossas relações externas.

🦋Não, não é algo fácil, egoicamente, temos sempre o impulso de falar o que a nos, é a verdade. Isto é uma luta ou um conflito, talvez, em nós mesmos a ser superado e quem sabe a nos impelir em ir ao outro de forma a mais pura possível(empatia) para realmente compreende-lo e não apenas vê-lo com o que em nós é(projeção). Tarefa esta nada fácil e talvez, impossível, não sei. Não sou habilidosa nisso também, quando vejo já estou lá tentando ensinar o outro. Como aqui por exemplo, já estou ditando uma regra que só em mim vejo ou sinto em minha experiência e que ainda não domino e talvez, não dominarei, mas estou, agora, mais atenta. Porém, fica aí o recado e se couber em ti, talvez essas nossas semelhanças tenham nos permitido a algum reencontro em algum ponto dentro de nós.



🌹Kátia de Souza - 20/09/2021___✍
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