Quando o poema bater em sua porta,
não permita logo a sua entrada, permita que fique lá
onde nasceu suas invenções
Cale sua voz naquele breve recomeço de ti
e saiba da continuidade em pleno silêncio
É ali que mora as mágicas coerências
embebidas em sal e mel
É lá as palavras e os versos de ar
É lá que se costuma ficar antes de entrar
E quando entra, não deixa nada para trás que perturbe o externo
É clara a água que se derrama e límpido o teu falar
São páginas e mais páginas a se debruçar entre as mãos
dedilhando a sua textura e tinta, sabe-se ...
aquele velho nanquim tingindo as pontas dos dedos
Tuas asas a colorir o mundo em pequenos gestos
De unir teus universos calados,
mas sussurrados entre os veios das folhas
essas cardíacas e verdes em vórtice
Universos ... que é nada permissivo
quando apenas se ouviu aquele ruído
Afinal, não é apenas de sins que se comporta a tua presença
E pensar que tudo começou por ele,
seu simples e tão breve bater à porta
Sentido entre um piscar e outro
dos olhos que não se permite, deixar de ver!
Kátia de Souza
26-10-2019