Quando pedi fui eu enganada pelas perceptíveis certezas que mentem
Sempre mentem aquilo que é certo, fecha-se em si mesmo por não se abrir
E que graça foi esta graça de se enganar para ver no debulhar do tempo o que é
No esvoaçar dos meus cabelos nasceram incertezas que duvidavam de tudo
E querendo calar as palavras interrogatórias verteram súplicas para dar-me
Doar-me o que já era em implícita vivência, interna experiência do si
E era tão claro aquilo tudo, mas nas certezas tudo se obscurecia
Seguras, sãos as gaiolas dos pensamentos que nos detém para saber
E quão bom é saber das superfícies para voar também em suas profundidades
E vejo no ar a velha mania de voar em fragmentos quando se pedia as asas
E já era ali você a ser em mim sem saber e fui a cada instante mãos, pés e olhos
E mesmo com todos os sonhos tombados em teu nome
chorando e zombavam todas as realidades, bebi do cálice mais doce de suas amarguras
Manias tuas de opor-se diante daquele que quer se iludir
Mas sorri todos os sorrisos, agora, por saber que não era preciso nada
quando pedi todas aquelas necessidades
No ar, suspensos teus ares, teus mares, tuas verdes companhias
e mais, muitos mais que nas brumas desses campos não há como dizer
saber, só mesmo vivendo em mim ou indo para lá
onde de si, no horizonte de inseguras incertezas, se vive, realmente
e que seja lançado o convite de cair feito letra num poema e dizer
somente sentindo o teu sentir por nós... instante este, que me reservo em ficar nesse imenso calar!
(Kátia de Souza)