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| Imagem: Arte de Adato Jacob |
E o que faço
com a minha fúria,
meus dentes
cravados na carne imaginária,
e o uivo estridente entre as orelhas,
isto tudo
que me corrói a um passo de gritar?
E aqui e
ali, ouço “nãos”!
Ah! barricadas
sem escrúpulos
deixando o
morno espectro da falsa bravura desabar
como se
fosse meu, o recado todo
tão guardado
é que o medo, de verdade é que está
Desse grito
em pleno voo
De ver-me
por aí
De sentir-me
até as veias
Palpitando-te
em cada poro
Suspirando-me
enfim
Não, não vou
e nem posso
Sou o verso
em asas claras
Não usurpo
natureza
Não, não há
sufoco que me aguente
E nem pingo
algum de “cale-se, silente!”
Nada conterá
meu grito extremo
Esse vindo
da raiz
onde mora a
casa inteira
Revirada em
chão e céu
Só pra te
ver render ... junto a soleira
Dessa porta
em nós presente
Em teu
minguado azul sem véu!
Kátia de
Souza
27-11-2019
