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crédito da imagem, na mesma |
colhi as ervas e as pisei até ser seiva
bebi gota gota seu pranto verde
salguei a pele e lavei-a em espumas rasas
junto as pedras de seixo fui água mansa
preparando a vestes que já sopravam entre os troncos
sorvi teu canto em meu peito e entoei teu chamado
em mim o rubro do teu manto em fogo
consumindo todo ar das indiferenças
rodeei as rosas em oferenda num canteiro-broto
já ventando seu perfume inerente
e foi assim que calei o silêncio
rasgando o céu dos meus próprios medos
e chamei-me sua a verter-me em lágrimas
torrentes celestes de nuvens desfeitas
lavando os pés dos mortais caídos
e beijando a fronte das senhoras pálidas
não me permitiu ficar em repouso e voou sem pressa
num até logo sem calma
gargalhando teu verso com aquele olhar , só teu
de eterna... presença
...e lá vai ela em mim, em meu sopro, nos coroar!
(Kátia de Souza)
23-12-2019