domingo, 22 de dezembro de 2019

Espaço-tempo

Foto Kylere
Há um “espaço-tempo” onde os dedos não alcançam,  
são matéria bruta pra tanta sutilidade 

lá, os passos são infinitos em suas finitudes, tudo é junto, integrado 
traçando rastros inigualáveis que não ficam ou permanecem 
deixam fragrâncias de aromas raros, num voo eterno de asas sem fim 
o olhar, paira em plano indizível e as emoções cantam hinos não mais pensados 
são liras das plêiades ensaiadas no solo, no chão dessas nossas casas
e ecoadas em outros tantos espaços

o poeta, nesse tempo, se redescobre por certo, 
em cada ser mudo, falante, gritado 
calando o mundo quando versa seu íntimo sem pretensão 
e também com ela, sem culpa 
desvestido da vaidade comum, veste-se de seguranças e meias-verdades 
sem medo, afinal é ... e sabe-se, 
daqueles todos somando e reconhecendo a nudez 

ele, percorre este tempo num tenro corpo, frágil, menino e encorajado 
ubiquidade vertida da sagrada instância não descoberta ainda, mas viva 
conquistada pelos voos silentes e brandos sem perder-se nas polaridades 
segreda-se em seu quarto, que sempre é profanado 
pela dita madura existência evolutiva, 
sem perder o senso, siso dos insanos, guarda-se feito joia em suas partilhas 
distribuindo voláteis palavras para que soprem descabidas, 
mas fiquem em perfume, sua real expressão,
isto é hábito naquele espaço e comum ao seu tempo
trocar, doar e receber, verdades, transparências veladas 
que de certo são incomuns ao temporal momento... 

mas, há um tempo correndo num voo em pétalas aladas, 
acolhidas no chão dos dedos e poetizando-se em belas casas ... 
e sem mais nem porquê, deixa-nos, vai por aí ... 
permitindo-nos ao silêncio a ser visto, em meio a todas palavras! 

(Kátia de Souza) 
Texto de 2013 reeditado em 22-12-2019
(®Pétalas nas Asas do Tempo )