![]() |
Foto Kylere |
Há um “espaço-tempo” onde os dedos não alcançam,
são matéria bruta pra tanta sutilidade
lá, os passos são infinitos em suas finitudes, tudo é junto, integrado
traçando rastros inigualáveis que não ficam ou permanecem
deixam fragrâncias de aromas raros, num voo eterno de asas sem fim
o olhar, paira em plano indizível e as emoções cantam hinos não mais pensados
são liras das plêiades ensaiadas no solo, no chão dessas nossas casas
e ecoadas em outros tantos espaços
o poeta, nesse tempo, se redescobre por certo,
em cada ser mudo, falante, gritado
calando o mundo quando versa seu íntimo sem pretensão
e também com ela, sem culpa
desvestido da vaidade comum, veste-se de seguranças e meias-verdades
sem medo, afinal é ... e sabe-se,
daqueles todos somando e reconhecendo a nudez
ele, percorre este tempo num tenro corpo, frágil, menino e encorajado
ubiquidade vertida da sagrada instância não descoberta ainda, mas viva
conquistada pelos voos silentes e brandos sem perder-se nas polaridades
segreda-se em seu quarto, que sempre é profanado
pela dita madura existência evolutiva,
sem perder o senso, siso dos insanos, guarda-se feito joia em suas partilhas
distribuindo voláteis palavras para que soprem descabidas,
mas fiquem em perfume, sua real expressão,
isto é hábito naquele espaço e comum ao seu tempo
trocar, doar e receber, verdades, transparências veladas
que de certo são incomuns ao temporal momento...
mas, há um tempo correndo num voo em pétalas aladas,
acolhidas no chão dos dedos e poetizando-se em belas casas ...
e sem mais nem porquê, deixa-nos, vai por aí ...
permitindo-nos ao silêncio a ser visto, em meio a todas palavras!
(Kátia de Souza)