quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Todas as noites

Desconheço a autoria da imagem - via Google
Todas as noites adentro e bebo do teu cálice sagrado onde forja-me no molde escolhido por nossas próprias mãos e em asas me submeto a todos os movimentos. Permitiu-me, neste espaço, eu, adentrar e o que me é disforme, contrair-se em limites, os mais diversos; o ilimitado delimitado nos contornos, eis a forja, eis o molde, eis as asas desde o princípio. E aqui estou, mesmo diante das infinitas possibilidades de molduras, acalentei em meu peito tais limites para ser de ti a voz. E não sou única nesse solo em círculo eterno, eis que as vozes ecoam pelos ares e alimentam-te em todas as nuances, flamejando unicidade entre os mais diversos silêncios. Não haverá um ínfimo instante onde não se veja de ti a presença, mas nunca se pronunciará o teu nome por completo em moldes fechados, pois, és o que não se sabe, mas nisso todo o teu saber. 

(Kátia de Souza)
04-12-2019