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| Imagem via Google |
Olá, vamos fazer um passeio um tanto quanto inusitado, mas que pode ser um passeio? E dito isso, gostaria mesmo que tivesse essa leveza, o assunto, pois, o mesmo é árido e trabalhoso em seus meandros, então, por agora, vamos apenas passear, sondar, olhar um pouco para esse assunto que nem sempre é algo agradável de abordar, sem gerar polêmica, não é mesmo. Afinal, religião e futebol, para muitos, é algo que não se discute. E de fato, não viemos aqui hoje, para discutir, mas para informar, apenas. Por isso, tome isso como um passeio a título de conhecimento, somente.
Você sabe qual é a origem da palavra religião? Ei, não abandone ainda o texto, apenas estamos falando de origem, etimologia ou derivações da palavra (risos). Conhecer apenas nos proporciona a capacidade de fortalecer nossos argumentos e confirmar certas ideias em nós mesmos, então, não abandone esse passeio, ok? (risos).
Andei fazendo algumas pesquisas porque esse é um tema que sempre me rondou ao longo da vida, então, estou aqui, a olhar para isso como se deve, com profundidade para não tirar conclusões precipitadas e superficiais, apenas. E pelas pesquisas que fiz, notei algumas questões interessantes e talvez, a origem da palavra nos leve a perceber o porquê este tema mexe tanto conosco ou mobiliza tanto a humanidade. E mais, podemos perceber porque a própria religião, é usada em detrimento de alguns que querem exercer certo domínio e poder à maioria de nós. Mas, não viemos aqui para discutir isso e sim, apenas informar, então, vamos lá.
E aqui, vou me basear num trabalho que me parece ser a conclusão de um curso acadêmico(livre docência, talvez) de Cristiane A. de Azevedo da Universidade Federal de Juiz de Fora, cujo tema é "A PROCURA DO CONCEITO DE RELIGIO: ENTRE O RELEGERE E O RELIGARE" publicado em 2010. Nesse trabalho, a base se sustenta na formação do conceito "religio"no Ocidente, termo este presente, nos cultos romanos que também liga-se a religião cristã. Contudo, AZEVEDO (2010) levanta um questionamento importante: "como o mesmo termo foi empregado para designar as práticas ditas pagãs e, ao mesmo tempo, a fé cristã?"
Bem, parece que a palavra "religio" está diretamente ligada a uma palavra latina(antigos romanos) e que era usada de forma comum, corriqueira e sem uso específico, propriamente, ao que entendemos hoje como religião; isto até que os romanos (já na era cristã) se apropriam da mesma, se isso é possível, e começa aí toda uma distorção do sentido real da palavra. Sabe-se ainda que "religio" está relacionada ao termo escrúpulo (atitude cuidadosa, cheia de zelo; meticulosidade - via dicionário on-line) e que deu origem a palavra religiosus ("O escrupuloso em relação ao culto") Portanto, algo que era corriqueiro, comum e usado no cotidiano de forma intrínseca ao homem comum, começa aí a sofrer as suas alterações para fins nada escrupulosos, eu diria (risos). E veja a citação que AZEVEDO (2010), faz:
"Os romanos seriam tão orgulhosos da sua religio que teriam se auto-proclamado, entre todos os povos, o mais religioso: “se nós nos compararmos às nações estrangeiras, nós podemos parecer iguais ou mesmo inferiores nos diferentes domínios, menos em religião, isto é, no culto aos deuses, onde nós somos de longe superiores”"
E há ainda a relação da palavra religio, ao que Cícero chamava "religere"(“atenção escrupulosa, o respeito, a paciência, inclusive o pudor e ou a piedade”). E nisso pode-se compreender, o voltar-se para si mesmo, entrar em contato com aquilo que sentimos, pensamos e escolhemos para nós; o rever em nós, tudo; e eu diria mais, que é a tomada de consciência que todos nós deveríamos fazer; reconhecer a nós mesmos - e isso alguns autores citados nesse trabalho de conclusão, confirmam o sentido aqui mencionado, por mim. E baseio essa minha afirmação não somente nesse trabalho de AZEVEDO (2010), mas também em outras pesquisas feitas. Porém, aqui nesse trabalho é possível ver, claramente, esse sentido que Cícero concede, originalmente, e toda a distorção que fizemos, até os dias de hoje, veja a citação abaixo de AZEVEDO (2010):
"Segundo Benveniste, relegere diz respeito a recolher-se, a fazer uma nova escolha, a retornar a uma síntese anterior para recompô-la, e religio, o escrúpulo religioso, sendo, na origem, uma disposição subjetiva, um movimento reflexivo ligado a algum temor de caráter religioso: “refazer uma escolha já feita (retractare, diz Cícero), revisar a decisão que dela resulta, tal é o sentido próprio de religio. Ele indica uma disposição interior e não uma propriedade objetiva de certas coisas ou um conjunto de crenças e de práticas. A religio romana, na sua origem, é essencialmente subjetiva”"
Bem, acredito que podemos encerrar nosso passeio, buscando a reflexão sobre como esse assunto é em nós e como fomos agregando o que sentimos, pensamos ou escolhemos em relação a este tema(religião), em nós. Buscar esse movimento, tão natural que é o "religere" de Cícero, o refletir, acolhendo e sentindo a nós mesmos e então, assim compreender que independente do que pensamos, a "religião" enquanto "religere", é inerente ao ser que somos. Afinal, todos nós somos capazes de fazer naturalmente, esse movimento de reflexão, mesmo que nem sempre esse movimento, nos seja consciente, somos "religiosos", por natureza.
Acho importante mencionar que não li, inteiramente o trabalho de AZEVEDO (2010); este trabalho de conclusão, foi apenas uma forma mais simplificada que encontrei de trazer a explicação dentro das pesquisas que fiz. Estou ainda lendo e dando continuidade aos estudos, pois, o tema se amplia, sem dúvida e muito me interessa, pois, diz respeito a nós, enquanto seres integrais.
Espero que tenham gostado do passeio. E que subjetivamente possa acrescer, ampliando sempre a todos nós! Gratidão por você estar aqui! (Kátia de Souza - ®Céu e Raiz)
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Para acessar o trabalho de AZEVEDO (2010) acesse o link: https://drive.google.com/open?id=1IPglyMrubQZ7-ia39hhXdxtdS0xcf-5Z
