e lá está o poeta mudo
na esquina de uma janela feita só pra ele
prova a vidência do momento
acolhe e sai a tamborilar
seus dedos inquietos
sua marcha sem sentido
seus olhos no além dito, sentido, aquecido
no vaso adormecido de tantos portões ...
e verbo que não lhe falta
na ação incontida
vê-se na avenida de faróis piscantes
no ar a quietude... muda multidão
cala o vento e ouve os pássaros
árvores agradecidas e água a se limpar
lava o céu que traz de volta as estrelas, a cintilar
no rio e no mar o vai e vem das ondas
emoções e pensamentos
de tanta gente que assombra
ah... como é bom enxergar!
será mesmo o momento
não seria a vida a gritar?
chama o poeta, a sua escrivaninha
e também todas as linhas
sim, sim... se põe sempre a falar
seu lápis, caneta, tinta, tão gastos,
mas no olhar, jamais há falta
pois é alma que não se esquiva, nunca
e nos vãos se entrega...
... entrelinhas, nossas, de amar!
(Kátia de Souza)
24-03-2020
(Simbora poetas, a caneta chama, a vida se expressa em nuances as mais diversas e estas não são diferentes, há sim muita poesia no ar... bora todos, poetar)