sexta-feira, 5 de junho de 2020

No crepúsculo das estações

Imagem de Pamela Hubbard
É estranho o cair da noite no crepúsculo das estações; 
onde as folhas verdes esvoaçam-se em despedida 
e põe nu todo o corpo das árvores, 
acalma-se a fúria dos ventos e toda tempestade é absorvida; 
ao solo cai cada gota que em par, junto a folhagem, 
deixa-nos seu fluir e sons, por companhia... 

Para os que com pressa ainda ardem, 
ao sol do meio dia, nada ouvem 
e pode parecer cada espaço silenciado e aberto, 
em suas misteriosas presenças, 
um pouco da provada melancolia 
ou mesmo ser o tédio dos insatisfeitos 

Contudo, no rumor das estações, ouve-se com a pele 
e tudo se condensa na primaveril vista; 
um olhar que aplaina as ranhuras de certas paisagens 
e nada colhe... fruto ou flor, 
mas presenteia-se de corpo e alma ao jardim 
como completude e numa canção somos levados; 
canção esta, a qual, fomos embalados 
em tempos que não se lembra, mas se sente 

É assim que corre os dias ... 
e sempre no entardecer, somos levados ao horizonte, 
seus limites como linhas, desenha os pores do sol 
e como algo que não se vê, mas reconhece-se 
nos permite, a verdadeira vida! 

(Kátia de Souza – 05-06-2020)