terça-feira, 22 de setembro de 2020

Eh "serumaninho"! (por Kátia de Souza)

Autor da imagem, na mesma

Eh "serumaninho" ...quando o "erro" é do outro, tudo bem se “todo mundo”, inclusive você, cobri-lo de críticas? Pode sapatear a vontade na cabeça da criatura porque não é em você que tá doendo, não é mesmo? 

Agora, quando é nosso o erro ou a falha... a coisa muda de figura. Sempre tem uma ressalva, uma explicação, um aprofundamento básico para justificar, enfim. É... e dói né, as críticas, às vezes insensíveis, por aí? Dói sim e vão criticar mesmo, como você fez e faz em relação ao outro. O ser humano é assim, não consegue ver a si mesmo, no outro. E possui essa capacidade, até para movimentar mesmo, nossas zonas de conforto, sente aí. 

E sabe, a dor, a vergonha ou seja lá a emoção que venha disso, é porque também, intimamente, nós passamos a questionar o que fizemos e não estamos seguros do que acreditamos - é isso, é um passo para a visão mais plena de nossa ação. E quando, enxergando admitimos à nós mesmos, primeiramente, que erramos, temos então, a oportunidade de mudar e refazer. Contudo, temos que abrir mão de algumas coisas: crenças, ideias, posturas, nos afastar de alguém que pensávamos que gostavam de nós, entre outros. Mas, nem sempre queremos soltar né? Queremos mesmo é ter razão, não queremos admitir que não sabemos ou que nosso conhecimento foi falho ou é limitado/superficial diante da situação, não queremos aceitar que talvez não seja para nós o caminho que estamos escolhendo, que o nosso real caminho é outro, enfim. 

Seja lá o que for, não queremos admitir e soltar muita coisa e ficamos ali, insistindo que tem que ser do jeito que pensamos que é, queremos obrigar o outro a aceitar o que queremos ou ainda, queremos nos encaixar numa situação que não é do nosso tamanho. E mesmo diante da realidade gritando para você que não é bem assim, você ainda assim, insiste, resistindo o que, realmente lhe cabe, ou seja, soltar. 

Mas, deixa eu contar um coisa para você, questionar faz bem viu? É uma chance de rever e refazer seus passos, traçar novos caminhos ou novas condutas. E errar faz parte, reconhecer o erro também. Isso é perfeitamente humano. A não ser que você não o seja, aí sim, vai ficar bem difícil lidar com isso. 

É, dói no orgulho, na vaidade, nas camadas mais primitivas aí do ego, não é? Pois é, faz parte e a dor passa e passa com gratidão e ampliação/amadurecimento quando se concede a oportunidade de olhar para tudo isso e admitir, assumir e retomar o caminho, que é você mesmo, dentro de você. 

Acho que humildade, talvez seja isso. Compreender que errou, rever o que se pensa, mandar embora os enganos e estar mais perto de nós legitimamente, fazendo aquilo que à nós preenche e nos permite ser inteiros e isto, de forma clara e segura e não apenas no achismo, não é? 

Considerar que somos falíveis não mata não, mas achar que jamais erramos, isso sim, mata. E não sei se você percebe, mas acho que é justamente isso que está matando muita gente por aí. 

Se você não se importa com isso, bem, é algo que de fato sei que existe no mundo, a olhos visto aliás, já nos foi dito em alto e bom som: "não sou coveiro!" Não é mesmo? Então, talvez seja "normal", não se importar, ser indiferente, talvez. Mas se você se importa, que tal rever o que não está bom, onde errou, onde está a base de onde falhou e mais do que apenas apontar para o outro algo que é tão presente em nós mesmos e fazemos igual, que tal olhar para si mesmo. Isso é amor sabia? 

Sim, auto amor! Ah! E fica tranquilo que estou também aqui cuidando dos meus dedos em riste e meus tropeços. Mas, revê aí, vai! 

A crítica, não é de todo ruim, desde que tenha chão dentro de nós, e se encontra clara, casada com a sua realidade e suas ações, perfeitamente humanas e assumidas e sem a intenção de ensinar ninguém, mas de expor com honestidade algo que você mesmo vive ou já viveu, é dentro, é você também. Nisso, faz todo sentido, nos preenche e vem de porto seguro. Falar por falar, para ir com a maré de todos, é obsessão e por isso, sem discernimento, sem luz, sem vida, sem a sua vivência nisso, sem você. Chega né! Tá bom, já deu de seguir a boiada! 

E mesmo que a crítica, passe, seja efêmera, ilusória como muitos querem afirmar, por aí. Se ela vem de você em verdade, ela passa em termos, mas é ela, o trampolim para o seu próximo passo nessa crescente que é o amadurecer e a ampliação, enquanto ser. Então, olhe de novo e veja. Errou e errou feio e não será a última vez que errará. Corrija e siga adiante, com a lição no bolso. Ainda dá tempo de não repetir o erro ou persistir, no erro. Sinta aí! 
(Kátia de Souza - 22/09/20)