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| Imagem via: Pamela Tur POA | Morro Reuter, Gramado E Canela/RS |
Lina Bo Bardi
Morar
“...um desvio do caminho habitual. O olhar curioso, o desejo do novo foi buscar poesia. Uma olhadela e inesperadamente um portão se abriu, surpresa. O caminho que levava para o alto da casa guardava por onde passava uma beleza inusitada. O olhar alimentou-se de tudo. O caminho feito de recortes de ladrilhos, o verde por todo o redor, o canil, o atelier, a casa do caseiro, a horta, as escadas, as obras de arte, a lareira, as salas e quartos aconchegantes, a cozinha, as paredes transpirando memória, os móveis, a luminosidade, a visibilidade, a circulação, a natureza, as transparências...a transcendência. Um cheiro de infância, o forno...Lembrança de encantamentos de uma intimidade momentaneamente única, subjetiva, mas que pertence a todos, a memória inestimável do Belo.”(Lina Bo Bardi)
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E quando eu pensei estar sozinho(a), vi ao longe, ali por dentro, um sussurro quase inerte, pensativo em milhões de sentimentos. Eram pinturas em telas vivas, a desenhar-se entre a pele e o que eu não sei dizer; revirou-se em cada cômodo o que jamais previa de mim, deixou-me cair em todos os espaços para sentir e percebeu-me a parceria dos muitos nesse pleno que é só vida e vivência, sem mesmo sabermos. Distinguindo-o, eu pude exalar a você em mim, num só perfume, o Belo que jamais deixa de dizer, calando a nossa voz.(Kátia de Souza)
16-10-2019
