Bem, em função de minhas atividades atuais e vivências, o estudo sobre a espiritualidade, é algo que se intensificou já há algum tempo e buscando algumas bibliografias sobre o assunto, não houve como não retornar às bibliografias que se ligam a Psicologia. E nesse trajeto, até chegar aqui hoje, muitas crenças, conceitos e preconceitos foram quebrados e aqui estou me dedicando ao espiritual como algo inerente ao ser humano. E vejo que assim consigo abraçar a nós e nossa “humanidade”, de uma forma integral.
Junto a Carl Gustav Jung (Psicologia e Religião) encontrei Rudolf Otto e me interessei por alguns trechos que destacam a sua forma de ver e pensar a “religião”. E o que vejo, inicialmente, e até agora, é que, tanto Jung como Otto, faz menção a religião sempre no sentido de “espiritual” e não ligado, propriamente, aos dogmas –relacionados a um dado grupo religioso. Parece que ambos trazem o sentido de religere (cuidar, olhar cuidadosamente a experiência religiosa em si mesmo quantas vezes forem necessárias, vivência – assim interpreto) e não de religare (trazer algo que seja superior e inominável, distante ao homem, ligar o sagrado ao profano, enfim, algo assim).
Esse olhar de ambos, muito me agrada, pois, sinto esse espiritual, como algo inerente a todos nós e que é presente na condição anímica do homem, o homem traz esse sagrado esse espiritual em si, e nem sempre de forma consciente. E mesmo que este lado espiritual se manifeste de diversas formas, nem sempre é entendido como algo “espiritual ou sagrado” ou que dirá, comum ao homem, pelo contrário, pode até mesmo, ser confundido como algo patológico – sem falar de todo o preconceito e conceitos que a religião, ao longo da sua história, acabou agregando. Esse último aspecto, nem sempre colabora para fazer justiça e dar legitimidade àquilo que é sagrado e espiritual, no homem, independente se este é religioso ou não. E sendo assim, muitas expressões desse sagrado ou espiritual, fica a margem, relegada ao esquecimento, a negligência, às sombras, proporcionando ao homem inúmeras dificuldades em muitos momentos.
Os ritos espirituais, o sagrado ao homem, possuem uma fundamentação em sua psique e não apenas individual, e sem esses “portais”, por onde há a possibilidade de elaboração, compreensão e transcendência de certos aspectos humanos, através da vivência nos ritos, sinto que o homem, não consegue ou sofre muito mais, para compreender algumas manifestações que emergem de si mesmo. Principalmente, manifestações e expressões que estão ligadas a este sagrado e se encontram em “regiões inconscientes” muito profundas ou sutis em nós mesmos.
Bem, este foi um ensaio, acredito, de algumas ideias que estão vindo a mim, a partir dos estudos e experiências em meu trabalho com algumas pessoas e em mim mesma. Talvez seja esta, uma forma das ideias irem se organizando de dentro para fora, através da escrita. E para encerrar deixo um trecho do livro de Rudolf Otto “O Sagrado”, no qual Hermann Brandt faz a apresentação, e diz sobre a postura de Otto:
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| Trecho do livro "O Sagrado" - Rudolf Otto (apresentação por Hermann Brandt) |
É isso, sigamos e caminhemos buscando esses movimentos, sempre em ampliação. Gratidão. (Kátia de Souza -®Céu e Raiz)
