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Imagem via Tumblr - desconheço a autoria |
Só pra avisar ,
eu não nasci calada,
trouxe comigo um berro
e num tom preciso;
conciso, de fato;
os corpos são pequenos demais pra caber tanta “gente”
e o grito precisava ser audível
então, nisto,
sintetiza-se o humano, em humano;
e o berro, por mais que seja grito
nunca, jamais é do seu tamanho
mas, é berro
que escorre no ouvido ou nas curvas das orelhas
para ser reconhecido
apenas os tons ressonantes
e na recusa das dissonâncias, ficam
o que chamam-no de “restos”
todos os silêncios responsáveis por acolhê-las
e nisso, um convite:
permitir-se ir mais longe, ouvir mais fundo
os “restos- ruídos” que silenciam
e no silêncio, o quanto falam
Ouve o silêncio!
Do berro, o ouvir do inevitável
retornar já não é escolha
e junto, é respiração do “com-junto”
que “co-artificia” a arte de unir-se
E assim, só assim ...soltamos o verbo!
(Kátia de Souza)
11/01/2020