sábado, 18 de abril de 2020

Em casa

image: desconheço o autor - via Google
Estou de volta e em casa; a porta aberta no sempre que lhe cabe, vidraças baixadas reluzem o céu coroado de nuvens. E é na lembrança que moram as nuvens ou nestas, moram aquelas, sei lá! Mas, há lembranças e há nuvens, no mesmo tom, pousadas no anil do céu. É bom de ver que elas moram ali e meus pés no chão a pisar, de casa, é só regozijo... porto seguro de mar, mas é. Sei das ondas, da maré e também das espumas na areia a amortecer a aridez. É bem bonito matar a aridez assim, em meio às brancas espumas de um mar em ondas. Contudo, estão lá também as nuvens a lembrar de que, da morte só se tem a vida, então, nenhuma aridez deixou de existir, apenas adormece na espuma e no branco que compactua com o céu em seus tons e nuvens. Elo imprevisto, mas sentido; como pode, do chão, de areia e águas compor o céu em nuvens que lembram? Estamos todos esquecidos ou desejantes por esquecer, mas quem tem lar em sua casa, há de se lembrar, há de ver que toda branca espuma amortece sim, a areia e nela, mora o céu em nuvens que não nos permite dizer, que só há um, quando em tantos, moram nossas lembranças. É... passo adentro, estou em casa e verso tudo o que na algibeira recolhi de você. (Kátia de Souza)
(18-04-2020)