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Arte de David Belliveav |
A travessia é miragem de quem vê
É este que trafega a criar para tão somente ver
Experiência que não se sabe se vem da vontade
Se a vontade é algo que se diz ou se cria
Se nela mora o “é” que transpõe qualquer fotografia
A inconstância, impermanência e ondulações
Não são defeitos incompletos
São variantes, na mesma composição
Queremos o defeito,
O emaranhado dos fios para tecer
Queremos as garras de se apegar para ser
Quando ser é nada de se ver
E quando o nada foi capaz de se conter?
No peito daquele que quer ser?
Ah é vaga, destruidora de conceitos
De tramas tão perfeitas
Digitadas por tantos dedos
Labuta nossa desenfreada
Mas, já não pode deixar de ser
Não ao não-saber
E a tudo que não cabe e por conter
essa é nossa fala
silenciada nos porões desse viver
enquanto intocada é a semente
essa é nossa fala
silenciada nos porões desse viver
enquanto intocada é a semente
que se faz "vazio" e também se cala,
Mas é inato e por saber!
(Kátia de Souza - 26-04-2020)