O processo criativo ou a criatividade, é algo inerente ao ser humano e cada qual irá direcionar essa força para determinados fins. Contudo, não abarcamos tudo sobre nós, há muita coisa que é inconsciente em nós mesmos e o nosso mundo objetivo, já a muito tempo, vem sendo mais valorizado do que nosso mundo subjetivo. As questões relacionadas a alma ou às nossas profundezas, foi e é muito negligenciada e pela não vivência disso, desvalorizada. E é justamente nesse mundo anímico que se "esconde" forças poderosas que quando compreendidas, podem tornar a vida mais harmônica e nossos comportamentos, menos destrutivos.
Passamos muito tempo negligenciando essas forças em nós em detrimento de nos tornarmos "produtivos". Ou seja, confundimos, trocamos ou separamos a conduta criativa, da produtiva. E esse aspecto em nós (criatividade), relaciona-se à certas forças arquetípicas inerentes ao feminino e ao masculino que, comparativamente e de forma menos profunda, se vê na nossa conduta e crenças relacionadas ao homem e a mulher - seja de forma pessoal ou coletivamente.
Pode-se dizer que, atualmente, se assiste um masculino exacerbado trazendo a tona a produtividade de uma forma exagerada, e nesse agora, essa conduta encontra-se em plena transformação, a meu ver. Passamos por eras lidando com nosso processo criativo deixando-nos levar pela pressa de concretizar certas coisas em nossa mundo, por não compreender que essas energias, estão conectadas e não separadas (masculino e feminino); passamos a produzir exageradamente, sem "refletir" sobre as consequências de polarizarmos apenas essa energia masculina ou ainda, o que isso significava, simbolicamente falando. Claro que essa conduta ou atitude, favorece e favoreceu a muitos e que até certo ponto, é realizado de forma inconsciente, mas em nome de certas vantagens e necessidade de controle, acabamos por trazer a nós mesmos, o resultado dessa falta de consciência. Par mim, a pandemia é uma forma de nos alertar para isso, também.
O masculino nos pede para agir, atuar, produzir e o feminino pede-nos para criar e isso, implica calma, tempo, contenção, gestação e não respeitamos isso. O masculino se direciona para fora concretizando e o feminino, antes da realização, gesta isso, amadurece acolhendo o que é preciso vir a tona. Essa dinâmica não é vista e por isso, não é respeitada, principalmente no Ocidente, e isto está dentro de nós, refletindo-se fora, por eras.
O homem é criativo por natureza, em si traz essa dinâmica natural, como tudo na criação e quando o mesmo tem uma ideia diferente, inovadora, isto relaciona-se ao seu processo criativo. Como o mesmo lida com esta criação, fará muita diferença no que tange as consequências do que ele trouxe ao mundo. E isso, pode ser visto em nosso avanço tecnológico, por exemplo, em tantas áreas de nossa vida. Isto, pensando apenas no que tange ao coletivo.
A partir de uma ideia inovadora ou uma invenção, afobados ou as pressas, colocamos ao mundo ideias que guardam em si, também aspectos destrutivos e não nos damos conta disso. E essas forças destrutivas, a meu ver, acontece, aconteceu e se intensificou nesses últimos tempos, devido a características egoicas (visão restrita sem considerar as forças inconscientes envolvidas) que remete-nos a competitividade exagerada, ambição desenfreada, lucro através de um consumismo desmedido, entre outros. E como foi mencionado acima, isto referindo-se ao aspecto coletivo, mas a reflexão deve ser feita também quanto à nossa vida pessoal - e nossas posturas em nossos relacionamentos, como lidamos com o "novo", por exemplo, é um grande sinalizador de como está a dança harmônica entre essas forças, dentro de nós. Não estamos totalmente conscientes de nós e saber disso, já nos dá uma grande vantagem quando atuamos em nossa realidade. E a busca por essa consciência, o mais possível, favorece ainda mais a nossa jornada, disso não tenhamos dúvidas. Por estarmos inconscientes das forças por trás disso tudo, do que envolve um processo criativo, as forças da nossa alma, doamos ao mundo não apenas a parte boa, mas também a sombria, a qual negligenciamos. Doamos a nós mesmos (luz e sombra) ou seja, a totalidade. E isso é perfeitamente natural, porém, sem o saber, certamente, teremos dificuldades de lidar com as questões que a vida nos oferece de um modo geral.
Hoje, vemos um mundo que grita por cuidados, que grita por um feminino e masculino, saudáveis, curados ou conscientes. Afinal, com a negligência ou polarização dessas forças, muito nos ferimos, assim como, fizemos com nosso planeta - ele é o reflexo do que está dentro de nós. Ou seja, não é só o coletivo ou no mundo, no planeta, é também dentro de nós essas feridas a serem curadas. Feridas estas, que se encontram em nossas profundezas e podem se manifestar de forma destrutiva, como num clamor por serem vistas ou cuidadas. São nossas sombras que nos chamam, são forças que não são em sua essência, más, porém tornam-se destrutivas por estarem polarizadas de alguma forma, na consciência.
O artista trás isso latente de forma muito visível, essa dinâmica entre masculino e feminino - a partir do momento que lhe surge a ideia, até o momento de dar a luz, concretizar sua obra. É possível ver nele, muito das respostas que buscamos em muitos momentos. Sim, está no humano. Mas, para mim, o artista - a pessoa que vive de seu talento ou traz a sua arte como um alicerce de vida, expressa isso de forma muito clara, se presenciarmos como se dá a "criação", no artista.
Essas energias, masculino e feminino, sem a consciência do que as mesmas são em suas essencialidades e como as mesmas se refletem em nossas ações, tornam-se destrutivas e são impiedosas, mesmo porque são energias da natureza, portanto, livres - não irão obedecer a condição egoica do ser humano que visa apenas a sua satisfação pessoal, primitiva. Essas forças envolvem forças arquetípicas e como sempre, queremos controlar tudo e também inconscientemente, queremos controlar essas forças, negligenciando uma ou outra e não entendendo que há nisso tudo, um fator que queremos ignorar: "não controlamos essas forças, há fatores na dinâmica psíquica que são misteriosos e que não se alcança, e isso mexe com nossa "vaidade" humana". Admitir que não sabe e não saberá, é algo quase que impossível para certas personalidades. Há aspectos inconscientes que teremos acesso e há outros que não, não teremos e não temos. Pelo menos é o que se sabe até o momento.
Como não há controle sobre isso, quando estas forças se manifestam de forma sombria ou destrutiva, certamente, dentro da nossa visão limitada, vamos responsabilizar o mal, o demônio e tudo que acreditamos estar fora do nosso controle. E sim, está fora mesmo do nosso controle porque não é de controle que precisamos ou essas forças nos chamam, elas nos chamam por consciência e/ou respeito a sua natureza. Natureza esta que se manifesta em nós e por isso e muito mais, olhar para nós, para a manifestação natural que somos, é tão importante.
Se "Deus e o Diabo" existem na natureza e detectamos isto aí fora de nós, isso também pode ser visto em nós. Nós pertencemos, expressamos e somos essa natureza, portanto, isso também é em nós. Somos a fonte e a saída de tudo que reclamamos ou que precisamos para uma vida mais harmônica. Que possamos refletir sobre nossa responsabilidade, enquanto, expressão da natureza. Que não expressamos apenas o que é "bom", mas também o que é "mal" e isso, é algo que não há como ser diferente porque assim é a natureza - há criação, mas também há destruição. E ao entrar em contato com essas forças, talvez, somente talvez nossa compreensão sobre "bem e mal", "Deus e Diabo", certamente, mudará, consideravelmente. Contudo, requer colocar tudo isso em jogo e nem sempre, estamos disponíveis a colocar crenças tão basilares em nossas vidas, em jogo. E talvez não se deva mesmo, realizar isso sozinho, talvez. Mas, que um dia de uma forma ou de outra, possamos acordar para a vida que somos, em sua real face. Porque a vida nos colocará em xeque em algum momento, para que vejamos, nela e em nós, suas verdades.
Kátia de Souza - 06/05/2021
Pode-se dizer que, atualmente, se assiste um masculino exacerbado trazendo a tona a produtividade de uma forma exagerada, e nesse agora, essa conduta encontra-se em plena transformação, a meu ver. Passamos por eras lidando com nosso processo criativo deixando-nos levar pela pressa de concretizar certas coisas em nossa mundo, por não compreender que essas energias, estão conectadas e não separadas (masculino e feminino); passamos a produzir exageradamente, sem "refletir" sobre as consequências de polarizarmos apenas essa energia masculina ou ainda, o que isso significava, simbolicamente falando. Claro que essa conduta ou atitude, favorece e favoreceu a muitos e que até certo ponto, é realizado de forma inconsciente, mas em nome de certas vantagens e necessidade de controle, acabamos por trazer a nós mesmos, o resultado dessa falta de consciência. Par mim, a pandemia é uma forma de nos alertar para isso, também.
O masculino nos pede para agir, atuar, produzir e o feminino pede-nos para criar e isso, implica calma, tempo, contenção, gestação e não respeitamos isso. O masculino se direciona para fora concretizando e o feminino, antes da realização, gesta isso, amadurece acolhendo o que é preciso vir a tona. Essa dinâmica não é vista e por isso, não é respeitada, principalmente no Ocidente, e isto está dentro de nós, refletindo-se fora, por eras.
O homem é criativo por natureza, em si traz essa dinâmica natural, como tudo na criação e quando o mesmo tem uma ideia diferente, inovadora, isto relaciona-se ao seu processo criativo. Como o mesmo lida com esta criação, fará muita diferença no que tange as consequências do que ele trouxe ao mundo. E isso, pode ser visto em nosso avanço tecnológico, por exemplo, em tantas áreas de nossa vida. Isto, pensando apenas no que tange ao coletivo.
A partir de uma ideia inovadora ou uma invenção, afobados ou as pressas, colocamos ao mundo ideias que guardam em si, também aspectos destrutivos e não nos damos conta disso. E essas forças destrutivas, a meu ver, acontece, aconteceu e se intensificou nesses últimos tempos, devido a características egoicas (visão restrita sem considerar as forças inconscientes envolvidas) que remete-nos a competitividade exagerada, ambição desenfreada, lucro através de um consumismo desmedido, entre outros. E como foi mencionado acima, isto referindo-se ao aspecto coletivo, mas a reflexão deve ser feita também quanto à nossa vida pessoal - e nossas posturas em nossos relacionamentos, como lidamos com o "novo", por exemplo, é um grande sinalizador de como está a dança harmônica entre essas forças, dentro de nós. Não estamos totalmente conscientes de nós e saber disso, já nos dá uma grande vantagem quando atuamos em nossa realidade. E a busca por essa consciência, o mais possível, favorece ainda mais a nossa jornada, disso não tenhamos dúvidas. Por estarmos inconscientes das forças por trás disso tudo, do que envolve um processo criativo, as forças da nossa alma, doamos ao mundo não apenas a parte boa, mas também a sombria, a qual negligenciamos. Doamos a nós mesmos (luz e sombra) ou seja, a totalidade. E isso é perfeitamente natural, porém, sem o saber, certamente, teremos dificuldades de lidar com as questões que a vida nos oferece de um modo geral.
Hoje, vemos um mundo que grita por cuidados, que grita por um feminino e masculino, saudáveis, curados ou conscientes. Afinal, com a negligência ou polarização dessas forças, muito nos ferimos, assim como, fizemos com nosso planeta - ele é o reflexo do que está dentro de nós. Ou seja, não é só o coletivo ou no mundo, no planeta, é também dentro de nós essas feridas a serem curadas. Feridas estas, que se encontram em nossas profundezas e podem se manifestar de forma destrutiva, como num clamor por serem vistas ou cuidadas. São nossas sombras que nos chamam, são forças que não são em sua essência, más, porém tornam-se destrutivas por estarem polarizadas de alguma forma, na consciência.
O artista trás isso latente de forma muito visível, essa dinâmica entre masculino e feminino - a partir do momento que lhe surge a ideia, até o momento de dar a luz, concretizar sua obra. É possível ver nele, muito das respostas que buscamos em muitos momentos. Sim, está no humano. Mas, para mim, o artista - a pessoa que vive de seu talento ou traz a sua arte como um alicerce de vida, expressa isso de forma muito clara, se presenciarmos como se dá a "criação", no artista.
Essas energias, masculino e feminino, sem a consciência do que as mesmas são em suas essencialidades e como as mesmas se refletem em nossas ações, tornam-se destrutivas e são impiedosas, mesmo porque são energias da natureza, portanto, livres - não irão obedecer a condição egoica do ser humano que visa apenas a sua satisfação pessoal, primitiva. Essas forças envolvem forças arquetípicas e como sempre, queremos controlar tudo e também inconscientemente, queremos controlar essas forças, negligenciando uma ou outra e não entendendo que há nisso tudo, um fator que queremos ignorar: "não controlamos essas forças, há fatores na dinâmica psíquica que são misteriosos e que não se alcança, e isso mexe com nossa "vaidade" humana". Admitir que não sabe e não saberá, é algo quase que impossível para certas personalidades. Há aspectos inconscientes que teremos acesso e há outros que não, não teremos e não temos. Pelo menos é o que se sabe até o momento.
Como não há controle sobre isso, quando estas forças se manifestam de forma sombria ou destrutiva, certamente, dentro da nossa visão limitada, vamos responsabilizar o mal, o demônio e tudo que acreditamos estar fora do nosso controle. E sim, está fora mesmo do nosso controle porque não é de controle que precisamos ou essas forças nos chamam, elas nos chamam por consciência e/ou respeito a sua natureza. Natureza esta que se manifesta em nós e por isso e muito mais, olhar para nós, para a manifestação natural que somos, é tão importante.
Se "Deus e o Diabo" existem na natureza e detectamos isto aí fora de nós, isso também pode ser visto em nós. Nós pertencemos, expressamos e somos essa natureza, portanto, isso também é em nós. Somos a fonte e a saída de tudo que reclamamos ou que precisamos para uma vida mais harmônica. Que possamos refletir sobre nossa responsabilidade, enquanto, expressão da natureza. Que não expressamos apenas o que é "bom", mas também o que é "mal" e isso, é algo que não há como ser diferente porque assim é a natureza - há criação, mas também há destruição. E ao entrar em contato com essas forças, talvez, somente talvez nossa compreensão sobre "bem e mal", "Deus e Diabo", certamente, mudará, consideravelmente. Contudo, requer colocar tudo isso em jogo e nem sempre, estamos disponíveis a colocar crenças tão basilares em nossas vidas, em jogo. E talvez não se deva mesmo, realizar isso sozinho, talvez. Mas, que um dia de uma forma ou de outra, possamos acordar para a vida que somos, em sua real face. Porque a vida nos colocará em xeque em algum momento, para que vejamos, nela e em nós, suas verdades.
Kátia de Souza - 06/05/2021
Psiquê - Alma e Conhecimento - Kátia de Souza