quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Não, eu não odeio a religião



🦋Não, eu não odeio a religião e nem a execro segundo minhas críticas ou reflexões podem parecer. Apenas questiono o seu papel, hoje, em nossas vidas, pois, não sinto a religião, hoje, como unificadora ou realmente fraterna (que promove a fraternidade entre os homens), mas sim que nos distancia uns dos outros colocando os "salvos e abençoados" de um lado e os "do mundo e pecadores do outro", seja de uma forma consciente ou inconsciente, nossas ações religiosas nos denunciam nessa medida. E não compreendo a religião como algo que nos separe, mas algo que vibra natural e instintivamente dentro de nós, enquanto religiosidade, fé, espiritualidade. E sendo algo natural, não vejo também necessidade de organização dessa fé ou espiritualidade em cultos ou templos, dirigidos por um líder. É possível e talvez inteiramente saudável que haja encontros em nome disso, mas sem o propósito de destacar quem ensina e quem aprende porque todos estão nisso - uma espiritualidade mais natural, genuína, sentida - a se descobrir dia-a-dia.


🦋Sinto que precisamos nos independer, sermos livres ou assumirmos nossa liberdade espiritual. Ou seja, não precisarmos mais de ninguém, nem mesmo de diretrizes de conhecimento em bibliografias para nos direcionarmos, espiritualmente. Sinto que precisamos buscar essa espiritualidade dentro de nós ou em nós - nossas ações, pensamentos, sentimentos.


🦋Sim, os estudos são importantes até determinado nível e deve ser compreendido como um reencontro ou uma ferramenta que nos leva a esse reencontro com um Deus ou o Espírito que é intrínseco a todos os homens.


🦋A partir daquilo que estudamos, despertamos ou descobrimos algumas coisas que já estão dentro de cada um de nós. Através da luz do conhecimento levantamos os véus internos e enxergamos que em nós, aquilo que estudamos também é. E se é, podemos vivê-lo. O que nos prende são apenas as ideias que nos levam a nos manter dependentes de um Deus externos e distante, através de um líder religioso que se mantém no púlpito do saber dizendo, implicitamente, que você ou nós, não temos a capacidade de nos reencontrarmos sozinhos. Este líder pode possuir certos conhecimentos, mas estes conhecimentos são, também, dentro de nós? E só há um jeito de saber, nos questionando, ouvindo ou estudando certos argumentos, mas se possibilitando questionar a quem nós pensamos saber mais que nós.


🦋A religiosidade que se sustenta no "poder" do saber, não é uma religiosidade fraterna porque coloca seu líder acima e então, nos separa, nos distancia, não unifica. Humildade, se isso existe, é abandonar certos títulos e se colocar na mesma linha de "buscador" que aquele que busca como "seguidor", é reconhecer isso em si mesmo, pois, aquele que diz saber algo ou alguma coisa como líder pode conhecer mais dos ditos livros sagrados, mas nem sempre sabe ou vive, aquilo que diz e isso é perfeitamente, humano. Porém, reconhecer isso requer de nós, descer desse púlpito do "saber" e por dentro.


🦋Não, eu não odeio a religião, sinto que em mim, quero resgata-la como espontânea e naturalmente, a mesma é. Trazendo a nós o sentido de sermos e estarmos por aqui, vivendo. Sei que através desse encontro conosco mesmo, muitas paredes cairão e muito do que fazia sentido, deixa de ser e isso é algo difícil, aterrador mesmo e nem sempre conseguimos sustentar essa postura. Contudo, que possamos ultrapassar essas margens que resistentemente nos diz que não somos capazes e saibamos que há outros por aí que estão fazendo o mesmo. Então, nisto que possamos nos sustentar e então, seguir nos redescobrindo como seres integrais.


🌹Kátia de Souza - 06/10/2021___✍
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