domingo, 23 de outubro de 2022

EU E MINHAS REFLEXAS IDEIAS


🦋Quem vive as profundezas de sua alma onde a voz da "fé" e/ou espiritual fala alto, vive nos tempos atuais a compreensão do porquê de tudo isso, sem dúvida, contudo, é inevitável a tristeza de quem sabe o que é ser "religioso ou espiritualizado" de verdade. Isto, pois, se vê sendo preenchido de uma vergonha por ver muitos companheiros de jornada se entregando àquilo que que em si, foi deixado de lado, na obscuridade. E com isso incitando o ódio e o fanatismo, sem dúvida. E não é de hoje que se fala de olhar para si mesmo, desde os mais remotos tempos vem sendo dito, sobre a importância de cuidar de nossa profundezas e reconhecer nossas nefastas ações. Mas, "o mundo dos prazeres e das recompensas imediatas" sempre falaram e falam mais alto, principalmente, a nós ocidentais, então, está aí o que criamos. Cientes ou não, sentindo-se responsáveis ou não, que ao menos pudéssemos refletir. Mas ainda assim há a diversidade de posturas também obscuras se manifestando; sejam estas encarnando a vítima, as que encarnam o algoz ou ainda o cúmplice do algoz. Assim as divisões começam e assim se estabelecem gerando ainda mais conflitos, oposições e transtornos e mais transtornos acontecem na convivência seja pessoal ou coletiva, assim é. É também assim que vamos deixando de lado e obscurecendo"a responsabilidade de todos nós nessa realidade que reclamamos". E com isso a reflexão, nosso reflexo vai sendo colocado de lado, sempre e mais uma vez. Porém, a vida não dorme e nos cobra veementemente e está aí, um dos motivos pelos quais tudo isso está acontecendo - omissão, falta de reflexão e cuidado (amor) para com a nossa alma, nós mesmos. Pra mim, algo que foi dito e que faz sentido é sobre "quando estamos apenas voltados para fora, pra o outro acusando-o de tudo que nos acontece, há algo a ser repensado". E com isso, não se quer isentar quem de fato é também responsável pela depredação e, muitas veze, torna-se representante, porta-voz das nossas condições predatórias. Com estes devemos tomar medidas duras para que essa voz esteja onde deve estar, na obscuridade, porém, precisamos entender que esta voz é aí fora sim, mas é também dentro e precisamos da mesma forma saber disso em nós. Senão, sempre haverá alguém para colocarmos essa nossa responsabilidade e sempre haverá depredação da vida com a nossa conivência.

🦋Sim, a vida é sempre esse ciclo mesmo, vida-morte-vida. Contudo, eis que esse movimento é primeiro à nós, ou melhor, é primordial - vem primeiro, é nosso princípio. Porém, a nossa natureza é de gerar consciência, mais profunda e mais ampla. Essa é a natureza humana - somos dotados de consciência para usa-la a favor da vida/expansão/criação/preservação. E diante da morte, da depredação ou destruição, cabe-nos apenas aceitar como parte da vida e em relação a isto, refletir (lançar luz): qual a minha participação nisso? Para a partir disso, junto à vida que somos propiciar mais vida, criar, expandir, aprofundar. É isso, é um jogo entre luz e sombra, sempre. Gosto de dizer que é uma dança onde ambas em comunhão vão dançando em prol da vida, da criação. Dança onde em parceria vão se refazendo, se reformulando, se ampliando e se unindo em forças para a devida expansão. É aí que "o divino sempre volta" à nós ou tem a possibilidade de retorno.

🦋É assim que venho sentindo e me propiciando refletir em muitos momentos, nem sempre querendo refletir, confesso, afinal é uma realidade árida, a qual, juro que não queria fazer parte. Na verdade gostaria de não ter a mínima responsabilidade nisso, mas enfim. Como disse aí em cima, temos, todos nós e então, vou escrevendo, refletindo através da escrita, da poesia, da prosa e tentando deixar mais claro o que é obscuro, dentro de mim. E fundamentalmente, meu espaço em psicoterapia é quem me deixa prosseguir buscando reavaliar minha conduta e buscando em mim esta consciência que é inerente a minha natureza. E todos nós temos esses escoadouros de reflexão, cada um o seu, mas tem. Que possamos todos encontrar nossos canais e então, refletir. Não deixemos de refletir onde estamos, nisso tudo, porque mesmo não querendo, estamos.

🦋Agora, gostaria de lembrar que muitos só vivem ou sentem a exposição de uma construção religiosa verdadeira, sendo desrespeitada ou de um coração sendo tripudiado. Falo isso porque atendo algumas pessoas que me confessam exatamente isso; dizem, inclusive, que se veem coagidos a agir de determinadas formas porque senão, serão "punidos de forma violenta". E sem dúvida, cabe eu e ele (nesse encontro terapêutico) encontrarmos certas forças íntimas para superar esse lugar que o mesmo se encontra porque esta força existe. Não, não será da noite para o dia. Não serei eu que farei isso com ele, mas ele junto comigo em processo terapêutico, através de muitas questões sendo trabalhadas, é que poderá retomar em si, estas forças. E enquanto isso, faço o quê, sabendo que existe algumas dessas pessoas, muitas eu diria, por aí? E pessoas sem assistências e sem condições de buscar ou ter essa assistência. Sim, devo aceitar essa realidade e compreender que tudo se transforma para todos, mesmo para estes que não tem consciência e não tem como resgatar a mesma em um processo terapêutico, por exemplo. Como psicóloga, escritora, posso fazer alguma coisa? É isto, buscar meu papel social e ético diante da comunidade e sociedade que vivo? Enfim. Estas são algumas perguntas que não calam dentro de mim. O quê ou quem me mobiliza a questionar, refletir? Não sei. Só sei que é assim - reflito, me inquieto, não consigo ficar quieta diante da situação que vivemos coletivamente. A inquietação é íntima, sem dúvida, diz de mim e de complexos meus,eu diria. Porém, são só meus? Essa inquietação é apenas minha? Minhas reflexões e inquietações podem servir para alguém? Há alguém por aí que reflete, sente-se inquieto como eu? Escrevo sim para mim, na maioria das vezes. É assim que torno as coisas mais claras aqui dentro, minhas ideias são fugidias, então, permito a elas que se tornem mais firmes e concretas quando escrevo. E isto é útil para mim. Será que é útil para mais alguém? Por essas questões e outras mais, torno aquilo que escrevo público e tenho hoje, uma ideia muito diferente sobre a escrita, do que já tive anteriormente.


🦋Para outros pode ser diferente tudo isso ou toda essa movimentação em nossa realidade, compreendo isso também. E claro, sendo diferente, a postura é outra, sem dúvida. Não estou dizendo que tem que ser com todo mundo, assim como é comigo. Porém, sinto que cada um tem em si, recursos para lidar com essa realidade atual de forma mais lúcida, com mais luz do que está ocorrendo - buscando apenas apontar para fora e dizer o que nos é óbvio, já não dá mais. Encontrar meios de uma convivência mais pacífica, comungando ou favorecendo a convivência com o que é diferente de nós, propiciando diálogo e não imposição de ideias, buscando colocar-se no lugar da ideia (no mínimo) do outro caso não consigamos estar no lugar do outro e uma das coisas mais importantes, saber sim, calar quando necessário para que haja espaço de reflexão em si e no outro. Para mim, isto é favorecer uma convivência melhor e possibilitar um espaço melhor para nossa própria reflexão e crescimento, não apenas individual, mas também coletivo.

🦋A quem consegue acessar certas profundezas digo: chegar a estas profundezas não é algo simples e tomar consciência do porquê tudo isso está ocorrendo, não é fácil para muitos de nós que sempre negligenciou essas águas mais profundas. Penso que por isso, a tristeza é imensa para muitos que vivem sua fé de forma genuína porque mesmo sem profunda consciência, a fé não deixa de ser genuína em muitos casos. E sim, esse espírito mais profundo ou expandido em nós, diz, se manifesta, mesmo sem que tenhamos consciência, mas é preciso ter olhos de ver e isso não acontece com todos. Há que se dizer, explanar, lançar luz de forma que muitos desses corações, na diversidade que a fé se manifesta encontre conforto, há. Eis um grande desafio dos tempos atuais, pois, as "alucinadas" explanações de teorias e mais teorias espirituais se disseminam em contrapartida e trazer algo que gere ou proporcione esse conforto, requer de quem comunica, exatamente o que disse acima: a vivência de sua espiritualidade do que é mais profundo em si mesmo, de forma honesta e com reais intenções de esclarecer, primeiramente a si mesmo para então, poder trazer à luz, aquilo que em si viu nascer. Então, se em si sabe dessas águas (seja honesto. Sabe?), está lançado o desafio e a tarefa. Sinto que apenas dessa forma é que poderemos dar ao mundo um pouco mais de conforto em relação a espiritualidade ou mesmo a fé. E sinceramente, não sei quem poderia fazê-lo de forma plena ou integral, no atual momento, mas sei que muitos em reflexão, mesmo que não plenamente em si ou nestas profundezas, podem contribuir em grupo ou sozinho para a transformação ou transição a que estamos submetidos, de forma mais lúcida.

🦋Sinto também que esta (a fé) encontra-se, no meio de tudo isso, em transformação e ganhando mais força até, porém mudando. Sinto mesmo. O que é confundido com poder, para muitos de nós que acreditam que as forças obscuras, não encontram-se atuantes e interpreta a força da fé como poder e imposição de dogmas (seita). Por isso e por muito mais que não consigo trazer aqui de forma manifesta, é que a reflexão e a implicação na realidade a que estamos envolvidos, faz muita diferença. E a ação de forma mais prática junto, inclusive, aos nossos familiares, à nossa vida particular é a base para todo o resto, assim sinto. Sigamos e Reflitamos!🦋

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🪷Kátia de Souza em 23/10/2022___✍
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