terça-feira, 5 de novembro de 2024

SACOLAS PLÁSTICAS VAZIAS



🦋Temo os sonhos da atualidade porque me deparei com meus sonhos e os vi ocos, sem sustento para se manter - só eu sonhava, não havia "o outro", ali. Eu o habitava, tão somente. E então, foi que Aquele que regia o mundo dos sonhos me disse: "Não há sonho se não houver o outro também. De nada adianta elevar desejos aos seus pensamentos. É preciso Dela, A Mãe que guarda e é recipiente ao que tu sentes em completude - a imaginação." 

Percebi que sonhar requer "bolsa cheia". E eu naqueles tempos, estava carregando "sacolas plásticas vazias", por aí. Que talvez, seja o que chamam de sonhos, atualmente. Contudo, não sei do mundo, mas penso que sim, talvez estejam carregando sacolas vazias por aí, acreditando ser sonho. Afinal, dizem que "é importante ou bonito sonhar. Que não devemos abandonar nossos sonhos"- essa é a regra.

Temo os sonho sem espírito que ecoa necessidades e desejos de satisfações pueris. Temo porque sei o que senti ao me deparar com os meus ditos sonhos, ocos e vazios. Temo o sonho que reverbera infinitas insatisfações por prazeres não realizados ou se preferirem, "sacolas plásticas sem fundo". Na verdade, de sonho nada tem, são fantasias de satisfações egoístas, prazeres e mais prazeres querendo serem satisfeitos, para saciados, abrirem portas de outros tantos. Sim, na infância de certos aspectos, em mim, eu vi tudo isso. Nossa porção infantil é difícil de encarar e faze-la amadurecer, afinal, é tão "angelical" essa face, que não a queremos faze-la crescer. É tão fofa e meiga que a queremos mante-la assim. Mas saiba, ela precisa ir, partir, se despedir porque precisamos crescer.

Oh imaginação, plena de si, em sua bolsa de pele grossa e bem costurada, com linha forte de um fio que somente as Moiras sabem tecer...! Já não se vê isso por aí. Cadê você!?

É isso, precisamos desse fio que as Moiras tecem, o fio da vida que inclui, não apenas o belo e bom, o nascimento e o caminhar, mas o caminhar com responsabilidade e o cortar, o fim, o término ou a morte, de aspectos e fases, momentos e vida, enfim. Tive que encarar a morte ou o corte de certos fios em mim, da menina ingênua que esperava que seus desejos fossem satisfeitos por alguma entidade mágica ou vinda do espaço. Um salvador exotérico, talvez. Ou quem sabe um príncipe encantado que acabasse com toda a insatisfação ou vazio. Não, ele não veio e não, isso não existe. Essa "garotinha" precisou partir, precisei abandonar minha ingenuidade para seguir com compromisso e responsabilidade, por mim.

Ah vontade que preenche as ideias de um sonho que sustenta, abraça, preenche não apenas a si, mas o todo que somos num espaço não apenas íntimo, mas externo, colocando o outro como outro, sim. Dividindo com o outro o que não é apenas seu, vontade que é sonho porque não exclui nada, inclui e contorna um a um, na unicidade de ser e por isso, só por isso é possível comungar. Tive que perceber que "o outro" existe fora de mim e que temos aspectos semelhantes e nisto, nos tornamos "um", mas também somos "dois" quando nas diferenças nos encontramos. E sim, há encontro também, nas diferenças, há soma e não divisão, é a vida em sua expressão abundante de diversidade e não de separações. Não é uma mistura, quando falamos "Somos Um", são individualidades que partilham coisas comuns. E isso é muito difícil compreender se não tivermos a vivência, disso. Viver, é o outro lado do sonho que não contamos e não queremos, muitas vezes, saber. Porque viver inclui todos os lados que a vida pode nos oferecer, não apenas o lado bom.

Não há comunhão se não há o outro e você, não há comunhão se não há vontade plena (individualidade e coisas comuns - coletivo), preenchida em sua bolsa que sustém costurada pelas Moiras (vida), não há sonho sem esse Espírito que o preenche. Temo o sonhar sem alma, temo as regras sem Espírito, temo a nós, nesse atual momento que não enxergamos o que estamos fazendo acontecer. Temo!

Ou talvez nem seja um temor, seja mesmo é um "não querer" e uma farta preguiça de me explicar por não acompanhar "as sacolas plásticas vazias" de si, nesse atual momento. Talvez eu ainda não saiba sonhar, mas sei que quero o sonho, real, verdadeiro, em mim.🦋

👇

🌹Kátia de Souza___✍
.
🦋
.
🛜💻KÁTIA DE SOUZA 💻🛜
atendimentos on line - whatsapp (48) 9. 9624.6527
Instagram @psique_k.souza
ACESSE o link da bio: (https://linktr.ee/katiadesouza1971)
.
.
.
#psiquealmaeconhecimento #psicologia #teologia #arte #poesiaautoral #cgjung #rubemalves #ClariceLispector #igrejacatolica #religiao

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

"NO CAMPO DA PALAVRA O ENTENDIMENTO É APENAS INÍCIO".

Arte de Karen Hollingsworth

Dê-se um tempo, permita-se calar, ficar em silêncio, aquietar-se mesmo, sentir o momento. É muito interessante que quando falo isso, ao me ver, nem sempre presencio externamente, tal postura. E falando isso, quero dizer do quão curto ou estreito é nosso entendimento quando a ele, não se inclui a vivência.

Vejam bem, pra mim calar, silenciar, não é fechar a porta das letras, palavras, voz, fechar a porta dos gestos ou ações e esta é minha vivência frente o silenciar. Silenciar, pra mim, não diz do calar para alguém ou para o lado de fora, me isolar de qualquer experiência que me presenteio todos os dias, com quem convive comigo, um pouco dessa vida ou um pouco dessa arte, por exemplo. Calar, pra mim, diz do calar em mim e para mim. Calar para certas vozes que nos querem ouvindo e pedem que assim seja. E ouvir a quem ou o quê por dentro fala e de dentro quer escuta. É, sou esquisita mesmo, tenho manias de coisas que não vejo por dentro, falar comigo e falam, e ouço, nem sempre (o que deveria ser), mas ouço.

E o que quero dizer com tudo isso, é que sinto que essa conduta acaba por transbordar, fora. Por isso, dá a ideia de silêncio também para o outro ou para quem lá fora, convive conosco. O silêncio aparece, mesmo que não queiramos. Por incrível que pareça, venho notando que quanto mais sutil é a "conduta ou o afeto que nos toma", mais este se mostra de forma contundente em alguns momentos e/ou para alguns ouvidos ou olhos. Parece que a sutilidade usa de certos recursos que interferem, intensamente, na expressão mais densa da vida - não sei se diretamente ou por contraste, só sei que a mesma torna-se muito perceptível, quando se apresenta.

Eu não sei se são estas idas e vindas para estes momentos que vem me proporcionando olhos de ver ou ouvidos de ouvir para estas esquisitices, só sei que é assim, aqui. Por isso, reencontrar o que fora colhemos como conhecimento ou informação, trazendo para dentro, questionando, refletindo e então, agindo, é de suma importância. Afinal, o poeta fala: calar, aquietar, silenciar, mas do quê o poeta fala e para quê ou quem o mesmo sugere que assim o façamos? E como isso é para "os meus ouvidos ou a minha realidade"? Há sempre as diferenças, sempre há e nessas diferenças é que se renova uma porção bem significativa de vida. E talvez eu possa afirmar que é nessas diferenças, que também está a nossa responsabilidade em nos sabermos, únicos.

Sinto ou compreendo que no campo da palavra, o entendimento é apenas o início para o aprofundamento do todo que somos. Mas como eu disse é início, portanto estreito ou curto. Arriscar ir além, ousar reencontrarmo-nos em outras paragens, verificar se aquilo que encontramos fora, é real também em nós, talvez, quem sabe, vale o nosso esforço, no mínimo para saber o quão, infinitamente amplos, somos, talvez.

Então posso também dizer:

Concedamos um tempo a nós, silenciemos, calemos, mas façamos isso como conseguirmos e pelos motivos que em nós fala alto. Façamos do jeito que "queremos" fazer e não como entendemos que tem que ser feito ou pior, como disseram que tem que ser. Como intimamente "estou ouvindo" que posso fazer esse silêncio ou dar esse tempo? Ouçamo-nos, reflitamos e sejamos nós mesmos, nossa própria inspiração!


Kátia de Souza em 28/10/2022
..............................................
Respeite os créditos do autor
Lei 9.610/98 - direitos autorais

domingo, 23 de outubro de 2022

EU E MINHAS REFLEXAS IDEIAS


🦋Quem vive as profundezas de sua alma onde a voz da "fé" e/ou espiritual fala alto, vive nos tempos atuais a compreensão do porquê de tudo isso, sem dúvida, contudo, é inevitável a tristeza de quem sabe o que é ser "religioso ou espiritualizado" de verdade. Isto, pois, se vê sendo preenchido de uma vergonha por ver muitos companheiros de jornada se entregando àquilo que que em si, foi deixado de lado, na obscuridade. E com isso incitando o ódio e o fanatismo, sem dúvida. E não é de hoje que se fala de olhar para si mesmo, desde os mais remotos tempos vem sendo dito, sobre a importância de cuidar de nossa profundezas e reconhecer nossas nefastas ações. Mas, "o mundo dos prazeres e das recompensas imediatas" sempre falaram e falam mais alto, principalmente, a nós ocidentais, então, está aí o que criamos. Cientes ou não, sentindo-se responsáveis ou não, que ao menos pudéssemos refletir. Mas ainda assim há a diversidade de posturas também obscuras se manifestando; sejam estas encarnando a vítima, as que encarnam o algoz ou ainda o cúmplice do algoz. Assim as divisões começam e assim se estabelecem gerando ainda mais conflitos, oposições e transtornos e mais transtornos acontecem na convivência seja pessoal ou coletiva, assim é. É também assim que vamos deixando de lado e obscurecendo"a responsabilidade de todos nós nessa realidade que reclamamos". E com isso a reflexão, nosso reflexo vai sendo colocado de lado, sempre e mais uma vez. Porém, a vida não dorme e nos cobra veementemente e está aí, um dos motivos pelos quais tudo isso está acontecendo - omissão, falta de reflexão e cuidado (amor) para com a nossa alma, nós mesmos. Pra mim, algo que foi dito e que faz sentido é sobre "quando estamos apenas voltados para fora, pra o outro acusando-o de tudo que nos acontece, há algo a ser repensado". E com isso, não se quer isentar quem de fato é também responsável pela depredação e, muitas veze, torna-se representante, porta-voz das nossas condições predatórias. Com estes devemos tomar medidas duras para que essa voz esteja onde deve estar, na obscuridade, porém, precisamos entender que esta voz é aí fora sim, mas é também dentro e precisamos da mesma forma saber disso em nós. Senão, sempre haverá alguém para colocarmos essa nossa responsabilidade e sempre haverá depredação da vida com a nossa conivência.

🦋Sim, a vida é sempre esse ciclo mesmo, vida-morte-vida. Contudo, eis que esse movimento é primeiro à nós, ou melhor, é primordial - vem primeiro, é nosso princípio. Porém, a nossa natureza é de gerar consciência, mais profunda e mais ampla. Essa é a natureza humana - somos dotados de consciência para usa-la a favor da vida/expansão/criação/preservação. E diante da morte, da depredação ou destruição, cabe-nos apenas aceitar como parte da vida e em relação a isto, refletir (lançar luz): qual a minha participação nisso? Para a partir disso, junto à vida que somos propiciar mais vida, criar, expandir, aprofundar. É isso, é um jogo entre luz e sombra, sempre. Gosto de dizer que é uma dança onde ambas em comunhão vão dançando em prol da vida, da criação. Dança onde em parceria vão se refazendo, se reformulando, se ampliando e se unindo em forças para a devida expansão. É aí que "o divino sempre volta" à nós ou tem a possibilidade de retorno.

🦋É assim que venho sentindo e me propiciando refletir em muitos momentos, nem sempre querendo refletir, confesso, afinal é uma realidade árida, a qual, juro que não queria fazer parte. Na verdade gostaria de não ter a mínima responsabilidade nisso, mas enfim. Como disse aí em cima, temos, todos nós e então, vou escrevendo, refletindo através da escrita, da poesia, da prosa e tentando deixar mais claro o que é obscuro, dentro de mim. E fundamentalmente, meu espaço em psicoterapia é quem me deixa prosseguir buscando reavaliar minha conduta e buscando em mim esta consciência que é inerente a minha natureza. E todos nós temos esses escoadouros de reflexão, cada um o seu, mas tem. Que possamos todos encontrar nossos canais e então, refletir. Não deixemos de refletir onde estamos, nisso tudo, porque mesmo não querendo, estamos.

🦋Agora, gostaria de lembrar que muitos só vivem ou sentem a exposição de uma construção religiosa verdadeira, sendo desrespeitada ou de um coração sendo tripudiado. Falo isso porque atendo algumas pessoas que me confessam exatamente isso; dizem, inclusive, que se veem coagidos a agir de determinadas formas porque senão, serão "punidos de forma violenta". E sem dúvida, cabe eu e ele (nesse encontro terapêutico) encontrarmos certas forças íntimas para superar esse lugar que o mesmo se encontra porque esta força existe. Não, não será da noite para o dia. Não serei eu que farei isso com ele, mas ele junto comigo em processo terapêutico, através de muitas questões sendo trabalhadas, é que poderá retomar em si, estas forças. E enquanto isso, faço o quê, sabendo que existe algumas dessas pessoas, muitas eu diria, por aí? E pessoas sem assistências e sem condições de buscar ou ter essa assistência. Sim, devo aceitar essa realidade e compreender que tudo se transforma para todos, mesmo para estes que não tem consciência e não tem como resgatar a mesma em um processo terapêutico, por exemplo. Como psicóloga, escritora, posso fazer alguma coisa? É isto, buscar meu papel social e ético diante da comunidade e sociedade que vivo? Enfim. Estas são algumas perguntas que não calam dentro de mim. O quê ou quem me mobiliza a questionar, refletir? Não sei. Só sei que é assim - reflito, me inquieto, não consigo ficar quieta diante da situação que vivemos coletivamente. A inquietação é íntima, sem dúvida, diz de mim e de complexos meus,eu diria. Porém, são só meus? Essa inquietação é apenas minha? Minhas reflexões e inquietações podem servir para alguém? Há alguém por aí que reflete, sente-se inquieto como eu? Escrevo sim para mim, na maioria das vezes. É assim que torno as coisas mais claras aqui dentro, minhas ideias são fugidias, então, permito a elas que se tornem mais firmes e concretas quando escrevo. E isto é útil para mim. Será que é útil para mais alguém? Por essas questões e outras mais, torno aquilo que escrevo público e tenho hoje, uma ideia muito diferente sobre a escrita, do que já tive anteriormente.


🦋Para outros pode ser diferente tudo isso ou toda essa movimentação em nossa realidade, compreendo isso também. E claro, sendo diferente, a postura é outra, sem dúvida. Não estou dizendo que tem que ser com todo mundo, assim como é comigo. Porém, sinto que cada um tem em si, recursos para lidar com essa realidade atual de forma mais lúcida, com mais luz do que está ocorrendo - buscando apenas apontar para fora e dizer o que nos é óbvio, já não dá mais. Encontrar meios de uma convivência mais pacífica, comungando ou favorecendo a convivência com o que é diferente de nós, propiciando diálogo e não imposição de ideias, buscando colocar-se no lugar da ideia (no mínimo) do outro caso não consigamos estar no lugar do outro e uma das coisas mais importantes, saber sim, calar quando necessário para que haja espaço de reflexão em si e no outro. Para mim, isto é favorecer uma convivência melhor e possibilitar um espaço melhor para nossa própria reflexão e crescimento, não apenas individual, mas também coletivo.

🦋A quem consegue acessar certas profundezas digo: chegar a estas profundezas não é algo simples e tomar consciência do porquê tudo isso está ocorrendo, não é fácil para muitos de nós que sempre negligenciou essas águas mais profundas. Penso que por isso, a tristeza é imensa para muitos que vivem sua fé de forma genuína porque mesmo sem profunda consciência, a fé não deixa de ser genuína em muitos casos. E sim, esse espírito mais profundo ou expandido em nós, diz, se manifesta, mesmo sem que tenhamos consciência, mas é preciso ter olhos de ver e isso não acontece com todos. Há que se dizer, explanar, lançar luz de forma que muitos desses corações, na diversidade que a fé se manifesta encontre conforto, há. Eis um grande desafio dos tempos atuais, pois, as "alucinadas" explanações de teorias e mais teorias espirituais se disseminam em contrapartida e trazer algo que gere ou proporcione esse conforto, requer de quem comunica, exatamente o que disse acima: a vivência de sua espiritualidade do que é mais profundo em si mesmo, de forma honesta e com reais intenções de esclarecer, primeiramente a si mesmo para então, poder trazer à luz, aquilo que em si viu nascer. Então, se em si sabe dessas águas (seja honesto. Sabe?), está lançado o desafio e a tarefa. Sinto que apenas dessa forma é que poderemos dar ao mundo um pouco mais de conforto em relação a espiritualidade ou mesmo a fé. E sinceramente, não sei quem poderia fazê-lo de forma plena ou integral, no atual momento, mas sei que muitos em reflexão, mesmo que não plenamente em si ou nestas profundezas, podem contribuir em grupo ou sozinho para a transformação ou transição a que estamos submetidos, de forma mais lúcida.

🦋Sinto também que esta (a fé) encontra-se, no meio de tudo isso, em transformação e ganhando mais força até, porém mudando. Sinto mesmo. O que é confundido com poder, para muitos de nós que acreditam que as forças obscuras, não encontram-se atuantes e interpreta a força da fé como poder e imposição de dogmas (seita). Por isso e por muito mais que não consigo trazer aqui de forma manifesta, é que a reflexão e a implicação na realidade a que estamos envolvidos, faz muita diferença. E a ação de forma mais prática junto, inclusive, aos nossos familiares, à nossa vida particular é a base para todo o resto, assim sinto. Sigamos e Reflitamos!🦋

👇

🪷Kátia de Souza em 23/10/2022___✍
Respeite os créditos do autor 
Lei 9.610/98 - direitos autorais 

terça-feira, 4 de outubro de 2022

A VIDA NOS PEDE MAIS LUCIDEZ


 🦋Eu vi homens se entristecendo e entristecidos, pelo desprezo e indiferença do próprio homem. E eu vi homens sorrindo da tristeza destes homens. Seus semelhantes buscando, acredito, diferenciar-se de forma descabida negligenciando seus afetos e nisto, vejo o reflexo de que algo neles mesmos está sendo negligenciado e muito do que pensa-se saber, apenas conhece e deste conhecimento, há muita distorção.


🦋Soube que estes homens estão em busca de sua unicidade. Penso e apenas penso mesmo, que buscar a si como "ser único", não inclui a negligência de quem está ao seu lado de uma forma ou de outra. E quer saber, não sinto que seja uma busca, não creio que seja algo que você acorda e decide: a partir de hoje vou buscar a mim mesmo. Não. Há algo além desse desejo racional e restrito que nos impulsiona a isto.


🦋Em prol de uma busca íntima polarizada e na maioria das vezes, submetida apenas às condições do "ego", sem orientação ou mesmo acompanhamento, estamos, muitas vezes, negligenciando o que está bem ali à nossa frente e sequer exige de nós o pensar porque é palpável, simplesmente. Isto quando não estamos presos e perdidos em um individualismo incentivado e propagado por um coletivo que apenas visa as aparências de um poder que apenas divide, destrói ou corrompe no mínimo as relações humanas. Usa-se de uma forma ególatra ou egoísta certos conhecimentos - a busca por si mesmo, por saber-se e/ou no mínimo auto-conhecer-se. Ou seja, distorce-se esse movimento que é ir para dentro, tão necessário a todos nós, porém, neste caso, a favor de certa presunção. Apenas é uma ideia submetida apenas ao ego ou seja, pensa ser autoconhecimento, saber-se a si mesmo, mas engana-se.

🦋E muitos podem argumentar, sobre esta minha fala, que nela há uma moral que só imputa culpa e que está fadada a se diluir diante da unicidade do ser. Mas gostaria de lembrar também que nós refletimos o que é dentro de cada um de nós e é sobre isso que falo aqui e não tenho a pretensão de ditar regras de conduta ou uma moral que também acredito que esteja fadada a se diluir. Contudo, quero sim alertar que essa ida para dentro, essa jornada em si mesmo, é sim corrompida por nossa arrogância e incentivada pela competição tão comum em nosso coletivo. E por incrível que pareça esse movimento vem sendo usado em detrimento do "outro" onde aquele que "busca a si mesmo" é o escolhido do divino e aquele que aparentemente não busca, é "execrado do reino de Deus" - se não explicitamente, ao menos implicitamente, isso é dito através das atitudes. Quem somos nós para ditarmos tal condição na humanidade? Mal sabemos de nós mesmos, como saber do outro, sobre o que o mesmo vive, pensa, sente? Para mim, este movimento de exclusão do outro, só diz do quanto em si mesmo, não se está vendo algo e por isso é mais fácil excluir fora do que olhar para dentro.

🦋Quando julgamos em nós que algo é ruim, nossa tendência mais comum é reprimir, excluir, negar, rejeitar ou coisa semelhante, certo? Evitamos entrar em contato com algo que "doa" em nós e nem sempre queremos admitir que é em nós, que somos aquilo ou que é algo no mínimo que precisa amadurecer. E é assim que fazemos também com nossos afetos ou paceiros de jornada em nossas vidas, ou seja, refletimos exatamente o que fazemos conosco - rejeitamos porque condenamos "o outro", não o aceitamos, mesmo que este não desapareça, não suma de nossa frente, more conosco, por exemplo. Eliminar de nossas vistas, não elimina o fato de que em nós há algo a ser amadurecido, não é mesmo? Esta relação ou este parceiro de jornada, causa este incômodo, por exemplo porque em nós algo precisa ou chama para ser visto e então ampliado, amadurecido, transformado, verdadeiramente. E aí está a preciosidade dos relacionamentos, os mesmos nos alertam sobre nós mesmos e por onde podemos começar a olhar a nós, conhecer ou saber sobre nós.

🦋Gosto da afirmação de Jung quando o mesmo diz:

*“Não conseguimos mudar coisa alguma sem antes aceitá-la. A condenação não libera, oprime.” – C. G. Jung *

🦋Pela minha experiência, aceitar não é o mesmo que concordar, vejamos: se estou lavando um copo na pia e este copo cai e quebra, o que me resta fazer? Recolher os cacos e então joga-lo fora. Não é assim? Não vai adiantar eu ficar discutindo com o copo que ele quebrou e que não devia ter quebrado. E é justamente isso que fazemos quando nos deparamos com determinadas situações ou pessoas; ficamos querendo mudar algo que não é da nossa conta. Por mais íntimo que seja essa pessoa, não cabe a nós muda-la, dizer que ela está errada, enfim. O máximo é dizer "qual a minha responsabilidade, naquilo que eu reclamo?" (parafraseando Freud). E a partir disso sim, agir, fazer nossas escolhas. Saber da nossa implicação naquela realidade nos permite fazer algo em prol daquilo e certamente, a partir de nós e até o limite que é o outro. Chegando no outro não há mais o que fazer, só ele poderá fazê-lo. Para mim, isto é aceitação. Posso continuar discordando, não concordando com o que o outro faz, fala ou pensa, mas não posso muda-lo, não temos poder para isso, cabe-nos aceitar e a partir da aceitação, sim agir.


🦋Condenar, como diz Jung só oprime, só divide, exclui e não favorece o afeto que une, seja fora ou dentro. Apenas condenar não favorece a tomada de decisão ou não abre portas para um agir mais consciente. O que estou fazendo em prol desse afeto? O que posso fazer a favor dessa relação? Nesta relação ainda cabe alguma uma ação criativa? E os relacionamentos abusivos? Para saber que é um relacionamento abusivo, é preciso aceitação. Aceitar que se escolheu isso em algum momento, aceitar que está num relacionamento abusivo para poder agir com integralidade (com a união de nossas forças íntimas). E talvez eu possa dizer aqui, que a "verdadeira" busca íntima, favorece essa integralidade, essa ação que está a serviço da união ou de nossa inteireza ou singularidade. Por mais que aquele que se singulariza encontra-se, muitas vezes, em meios estranhos a ele, ou suas ações já não mais corresponde ao senso comum ou não serve mais ao padrão social a que este encontra-se inserido e isto lhe traz certo afastamento até, em alguns momentos, ele não estará a serviço da divisão, não estará em prol da condenação, exclusão. Assim penso porque para chegar nesse ponto, o mesmo já deve ter passado "poucas e boas" e encontra-se pisando em terreno sagrado, portanto sabe que é apenas "um" em meio às infinitas expressões desse sagrado e não faz o menor sentido pregar algo que vai justamente contra ao que vive - a integralidade.

🦋Dito tudo isso, agora cabe a mim, saber o que me diz respeito nisso tudo que estou vendo, qual a minha responsabilidade nisso? Porque o que vi e me inspirou escrever tudo isso, veio até a mim? Sei que nem sempre podemos dar uma resposta imediata, que não conseguiremos agir imediatamente e de uma única vez resolver certas questões, mas cientes de qual a nossa responsabilidade, certamente, esta luz ou consciência, nos favorecerá em nossas ações. Não estamos a parte do que estamos assistindo, presenciando, somos parte daquilo que estamos vendo, assistindo, portanto, temos responsabilidade também sobre aquilo. É preciso esta consciência por mais que algo nos pareça não ter nada a ver conosco; se chegou a nós de qualquer forma, alguma implicação temos. E através de ações mais conscientes, vamos respondendo à vida de forma então, mais lúcida. E acho, só acho, que a vida nos pede sim, mais lucidez. Sintamos.🦋

🪷Kátia de Souza - 04/10/2022___
Imagem: arte de Roberto Innocenti
Desconheço a referência completa das citações feitas no texto de Jung e Freud, quem souber, agradeço.
.............................................
Respeite os créditos do autor
Lei 9.610/98 - direitos autorais
..............................................
#psiquealmaeconhecimento #psicologia #arte #katiadesouza

AVENTURE-SE, VIVA O AMOR! (Um ensaio sobre um pouco do que sinto sobre o amor, hoje)

 

🦋Ai de mim se não fosse minha ousadia ou presunção (verdadeiramente, não sei) em tentar encontrar explicação para o que é o Amor; sabê-lo experienciando, compreendê-lo, entendê-lo e até defini-lo. É por isso que, hoje, digo: "Amor se define, sim" e antes, eu diria completamente o contrário. E mais, incentivo: vá, busque compreender, saber, estudar, sentir e experienciar. Aventure-se, viva! Sem isto, como sabê-lo?

🦋Acredito que hoje se tem muitos pudores ao redor do amor. Como se fosse algo já dito e pré-definido e cabe apenas a nós, acreditar ou confiar porque alguém em algum lugar (e talvez de renome) disse. Bem, seja lá quem for que tenha dito, não consigo apenas acreditar, preciso viver.

🦋Aliás, acho que isso de apenas acreditar no que se pensa ser Amor, não é coisa de "gente" que possui alma, coração, mas sim, possui só cabeça, acho. Isto, pois, gente de verdade, não se conforma e sai logo por aí desalinhando as regras e buscando jeito de se entender as coisas, explicar e definir. E pra isso, precisa se implicar, precisa viver, experienciar.

🦋Em alguns momentos, se tem uma vaga noção de que nem sempre vai dar em alguma coisa esse investimento todo ou sequer tem noção, mas esse impulso de ir, não é incomum em seres humanos, não. Isto claro, até onde eu os conheço a partir de mim ou pelo menos, penso conhecer.

🦋Sinto que não há como se conformar com a falta de experienciar o amor e assumindo-a (a falta), busca-se saber e mais, descrever o que se experiencia. Por que não? Para quem gosta de descrições, escrever por exemplo, como eu, acho que é uma forma de firmar o que é tão fugidio dentro de nós.

🦋Dentro do que vivo ou experiencio como Amor ou penso ser o mesmo, digo que o mesmo nos arrebata de tal modo que não tem como passar despercebido e deixar nossa razão ali, quieta e sossegada sem querer encontrar respostas para o que o mesmo nos elicia.

🦋Junto ao amor digo que presenciamos nossa "pequenez", mas sem medo de sermos pequenos ou ver o nosso real tamanho. E por nossa pequenez, reencontramos o mundo que somos, ou seja, assumimos ou reconhecemos o nosso tamanho, temos a oportunidade de sabermo-nos nesse sentido. E é junto a esta "pequenez" que sabemos que já estamos prontos para tal tarefa. Temos e/ou somos o suficiente ou mesmo a condição precisa para entender e também definir o Amor. Sim, se entende e sim, se define.

🦋Seja o que for que a vida nos trouxer para sabermos sobre o Amor, que a mesma cante a possibilidade desse saber, nos mostrando que é saber mais sobre nós e através da experiência. Por que não alcança-lo, seja lá como for? Como não nos aproximar um pouquinho que seja daquilo que pensamos ser impossível?

🦋E longe do que se pensa, isso pra mim, não é pretensão absurda, egocêntrica. Muito pelo contrário. Calar diante do amor como se não coubesse a nós, não fôssemos capazes, ou ainda não tivéssemos a possibilidade de sabe-lo, é negar um convite ou chamado da vida. E aí sim, pra mim, isso é muita pretensão, presunção ou egoísmo. Dizer não a isso e deixar tal lida para outras mãos, como se não fosse conosco tal responsabilidade, isto é omissão e como tal, relaciona-se a questões muito ligadas a este ego que se isenta de responsabilidades e amadurecimento.

🦋Implicar-se com a vida que somos, é em muitos momentos, buscar antes, definir o Amor, em nós, saber dele por nós e para nós. Mesmo que tal definição seja efêmera, inconclusiva, parcial. Que a busca, pelo menos, seja inteira. E pra mim, é isso que nessa travessia vale muito, ver-se como caminho, ser a ponte daquilo que se busca, ser a boca, a voz, os dedos daquilo que silenciado é por natureza. E mais, sentir em mim que temos apenas a suspeita através do faro que o mesmo, o amor é vivo, e por nós apenas espera e segredado se espelha; e justamente por isso - por ser uma suspeita - nos autoriza ir ao seu encalço. 

🦋Uma das coisas mais bonitas dessa vida é que nós, enquanto travessia, vamos refletindo este, que dizemos não poder definir. E cada um é um reflexo único, num tom único deste que cala dentro e fora de nós - o Amor. Isto claro sem pretender conclui-lo, pois, esta travessia ainda me reserva, outras experiências que se somarão a isto e trarão no tom que reflito, aquilo que consigo apreender do Amor.

🦋Então, que pela ousada pretensão escondida em nossa natureza, possamos experienciar e dar voz a este que através de nós, sinto, quer realizar-se no mundo.

🦋E concluo dizendo: vá, busque compreender, saber, estudar, sentir e experienciar. Aventure-se, viva o Amor! 🦋

🪷Kátia de Souza - 30/09/2022___
Ilustração via Tumblr - desconheço a autoria, quem souber, agradeço.
.........................................................
Respeite os créditos do autor
Lei 9.610/98 - direitos autorais
.........................................................
#psiquealmaeconhecimento #psicologia #arte #katiadesouza

domingo, 12 de junho de 2022

A lição dos girassóis

Na escola do girassol

por David Domingues*

Grande, verdejante, de pétalas coloridas de um amarelo vivo, sobressai entre a vegetação mais rasteira. Parece apontar para alguma coisa. Talvez procure algo mais. No meio das colinas ondulantes emerge como farol que, com a luz da sua beleza e da sua vitalidade, cativa o olhar de quem passa pela estrada. Até o viajante mais distraído é cativado pela beleza e harmonia que irradia. Já adivinhaste de que estou a falar? Claro! É do girassol. É uma flor e dá um fruto apetecido por muitas aves. Esse fruto, esmagado, produz um óleo alimentar muito rico.

Imagina um girassol no meio do campo. Imagina um campo de girassóis floridos a perder de vista. Agora imagina-te no meio desse campo. Convido-te a viveres um dia na escola do girassol. Sim, porque temos muito, mesmo muito, que aprender com essa planta formidável. Faz-nos bem acolher as lições que o girassol tem para ensinar.

Respira fundo. O dia ainda está a dormir. O girassol parece murcho, acabrunhado. Olha para o chão. Parece ter vergonha da sua beleza e esplendor. Bingo! Aí está a sua primeira lição: a HUMILDADE. Sim, se queres ser grande, primeiro tens de cultivar a humildade, de olhar as tuas raízes e reconhecer a tua origem. Olha a terra que te sustenta, que te alimenta e dá segurança; aquela terra que te fez germinar e que em cada segundo vela para que nada falte às tuas raízes. Aprendestes a lição? Isso mesmo, não há grandeza sem humildade.

Agora, o Sol rasgou o horizonte! As folhas verdejantes do girassol parecem reviver. Ganham força e abrem-se destemidas num gesto de acolhimento. Fantástico!… ACOLHIMENTO! Esta é a segunda lição do girassol! Quem é humilde sabe acolher. Abre os braços, sem medo, a tudo e a todos, sem reservas e sem restrições. Todos têm direito aos meus braços abertos num gesto de boas-vindas.

Sabias que o girassol é uma planta inteligente? É verdade! Não se limita a ficar a baloiçar ao vento. Não, ele tem vontade! À medida que o Sol vai projetando os raios quentes sobre o girassol, este começa a «levantar» a cabeça e – repara bem – acompanha o trajeto do Sol, abrindo o «coração» a essa energia preciosa. Eis então que os pássaros pousam e se saciam com as sementes expostas. Já adivinhaste. SERVIÇO! Sim. Esta é a terceira lição do girassol. Seguindo e abrindo-se ao Sol, ele dá o que de melhor tem. Hesitar para quê? É isto mesmo que os outros esperam! Encontrar em ti e em mim um coração florido e aberto ao serviço dos outros. Mas não esqueças que isto só é possível se nos deixarmos aquecer pelo Sol, o único que pode cativar o nosso olhar cabisbaixo e desalentado nas noites escuras e frias da vida.

Saber seguir o Divino Criador, o Sol da nossa vida, é uma arte que temos de cultivar para encontrarmos a alegria de servir os outros. O gelo mata e destrói ou, na melhor das hipóteses, conserva o que já somos. Mas nós queremos mais, sempre mais e melhor. Foi para isso que fomos criados.

Olha, com o girassol, o Sol que se vai esconder. Pouco a pouco vai-se escondendo, deixando a promessa de regressar na aurora do outro dia. O girassol curva-se novamente para a terra. Estará desanimado, desiludido, frustrado de uma tão breve viagem? Não, claro que não! O seu segredo é outro. Ele curva-se para a terra num gesto de profunda gratidão pela jornada percorrida. Parece um peregrino que alcançou a meta e agradece pela viagem. Claro que GRATIDÃO é palavra de heróis. Esta é a quarta e última lição a aprender na escola do girassol. Quem não sabe agradecer é porque não reconhece o que viveu durante o dia. Ou não soube saborear a vida como guloseima única e irrepetível. Inclinar a cabeça com o coração cheio, a transbordar do calor recebido, da beleza partilhada, dos braços acolhedores.

Lembra-te que o caminho não acabou! 

O girassol não morreu! Apenas descansa como um guerreiro a recuperar as energias para enfrentar um novo desafio, uma nova meta, um novo dia. Sim! Amanhã será um novo dia, uma nova oportunidade para viver melhor, para corrigir ou, quem sabe?, para começar tudo de novo. De uma coisa estou certo: o Sol voltará a brilhar iluminando, aquecendo e atraindo quem, como o girassol, faz de cada dia um dia novo, uma nova aventura vivida de etapa em etapa até ao dia em que o Sol viva plenamente dentro de cada um de nós.

fonte: Revista Audácia



terça-feira, 9 de novembro de 2021

Tenho histórias para contar


🦋Tenho pequenas histórias para te dar. Nenhuma delas são glamourosas em seu entender, é certo. Nenhuma delas compõe risco algum para qualquer aventura onde tu moras, hoje.


🦋Como se fosse um balanço daquele de crianças, nos parques, digo num vai e vem, as coisas que de boas ou ruins, nada é.


🦋Trago a você meu carinho por ser, hoje, vista, acolhida em seu âmago.


🦋Tenho o poder de dizer coisas, de contar histórias, aquelas esquecidas além do tempo - é assim que você me vê, me entende e disso faço-me presente aos teus ouvidos.


🦋Agora é importante entender que isto não é uma habilidade sobrenatural entendida pelos humanos de sua época. É apenas um jeito de trazer de volta aqueles que se submeteram as suas próprias coisas. Então, me dedico mesmo porque sei do que tiveram que deixar pra trás e sei do quanto têm, todos eles, a saber sobre si mesmos.


🦋É estranho à mim todas essas expectativas, construídas ao longo das trajetórias, colocando a simplicidade, num lugar que não se dedica afeto. Porém, já vi isso antes, então, compreendo que é assim. E mesmo sem entender o porquê do alvoroço, faço o que tenho que fazer. Não entendo, se a paz é tão desejada, por que quando a mesma chega, não a sabem ou a aceitam?


🦋Sabendo disso vou devagar, trago em ondas o bocejar da tarde e o frescor das purezas que se encontram logo adiante. Isto, pois, parece que as heranças que trazem, os assustam, os colocam em apuros porque contrariam, em muitos momentos, as escolhas feitas e por ser assim, acabam por acreditar que o que trago não é coisa viva. E talvez seja por isso, mas sinto que é muito mais e só vocês podem revelar isso a mim e a vocês mesmos.


🦋Sinto ainda que cada história bem vista e aceita, traz consigo certas respostas escondidas nessas escolhas e por ser assim, é aí que conseguem deixar pra traz algo que esteja impedindo o pouso secreto que ofereço em dados momentos. É, querem pousar, mas se esquecem do voo. Não há como pousar se não estiverem voando, mas isso não é lição que se ensina, mas ação que se faz. E aos poucos percebo que vão compreendendo os desatinos da vida.


🦋E não deveriam pedir que ela seja sã como gostariam, pois, na sanidade que exaltam, não se encontra a maestria de um viver completo. Contudo, essa é outra lição que se faz e não se ensina.


🦋Meu jeito de contar história não é linear, por isso, não espere que eu te dê um ponto e dele se trace uma linha firme e reta para que possa se apoiar. Trago o vago o desarrumado ou ainda aquilo que nem sempre trarão o brilho dos olhos dos passantes. Sou assim, e entendo que cada letra em mim desenhada é também um pouco do que ainda não disse e estou por contar a qualquer momento. Então, apenas deixe ser e saberemos onde vamos chegar.


🦋As histórias não trazem lições, isso é importante dizer. E se nelas assim você enxergar é porque aquilo que as impedia se foi e agora, podes a ti mesmo reencontrar e nisso entende que há algo sendo ensinado, mas sempre esteve aí onde teus olhos ainda não haviam pousado.
...........................................
🌹Kátia de Souza - 26/10/2021___✍
Texto protegido em seus direitos autorais
ⒸT7381750 - Lei 6.910 - direitos autorais