sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Cálices e gotas

desconheço o autor da image
via Pinterest
Houve um tempo que eu temia olhar pra lá 
Pra lá e daquele lado onde nada vem por acaso 
Mas não teve jeito, vi e bebi de todos os cálices 
E sorvi o que neles há 
Venenos e elixires e se deuses eu não sei 
Comi cada pedaço do argumento bem dito em cada detalhe 
E dos deuses vi a face engomada em panos rotos 
Ah, se eles soubessem o que fazemos com eles 
Mas eles sabem e dizem não se importar 
Pois, deles todos eis que beberemos e sorveremos 
Cada gota e em belo talhe 
Ou não, talvez da beleza resta-nos apenas os olhos 
De ver para crer que há sempre você ali 
E por ir e vir, sorver, beber, comer, sentir 
Eu fui mesmo sem querer ir e querendo me atrevi 
Foi assim que vi que no temor moram todas as distâncias 
E nelas, todo o depois que deixamos ali 
Naquele antes que não largamos e pedimos para ficar 
Então, soltei, abandonei tudo para voar 
E percebi meus pés ali, fincados no chão 
Voando o teu melhor colar de perolas 
Agora, só nos resta dizer ao belo e toda a sua essência 
Basta-nos estas vírgulas todas em cada gota 
Feliz em chuva cair em gratidão! 

(Kátia de Souza) 
08-11-2019