![]() |
Imagem flickr |
Quero trafegar inteira em cada palavra, dita
quero ser o contrário do previsto e expectativas
e, não há nenhum esforço, para isso...
Afinal,
a maré caminha, não desliza,
não sopra, não desenha em areia morta,
esta, verseja seus ventos de mar
e balbucia sua meninice de ondas
ser contrário ao expecto, desaloja
e já é sabido das faltas e vazios,
preenchidos com o ar da frustração
por isso, sou onda que caminha
semeando água, espuma e conchas
para caber o mundo desalojado
não, não é esperado o verso que liga,
a palavra que une, a rima que integra
é uma luta nesses barcos em alto mar
querendo ser no estar à deriva
porém, contrário ao querer do começo
e arrasto as linhas para a palavra que nos condensa e cala
deixo a maré fazer seu porto no horizonte
e dançar sua música essencial,
das idas e vindas que não se separam
para serem movimentos em curvas
nos barcos, todas as tentativas de rios e lagos
e o não desaguar como oceano
porém, o que fazer na força do contrário,
senão, apenas querer a palavra inteira?
pois, este (contrário), não prevê e jamais separa
estilhaçam-se em cacos e gotas,
tudo que há à sua frente e todo o casco
mas, volta suave naquelas águas
que sempre foi, seu colo-oceano
Então, desfaz-se toda palavra em forma e que deforma,
do desejo, diluído, agora
restando-nos apenas as águas e seus reflexos de crepúsculos ...
... inteiros, como o tráfego pela palavra, dita
afinal, sabe-se do caminhar dessas marés, jamais vistas!
(Kátia de Souza - 11/12/2019)