segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Entre eu e meu filho ...

Imagem via Google - desconheço o autor


Olhei para o meu filho e vi em seus olhos, todas as respostas silenciadas... 

naquele canto entre rodas de plástico, peças de encaixar, aviões minúsculos, bolinhas de gude e gravetos... todos, entre dedos pequenos e inocentes da “utilidade” de cada objeto, em suas nuances “reais”. Inocência que varre de cada um, em detalhes, suas breves significâncias e que jamais alcançamos e ainda lhes dá eternidade nas invenções; que porventura são tão inconvenientes aos hábitos maduros, revisto pelo cômodo olhar que lhe lanço. 

Quem dera pudesse, todo olhar, deixar seu pouso e voar além do ingênuo que concedemos com displicência a todo infante! Seria melhor considerarmos a seriedade de suas aparentes brincadeiras; quem sabe assim teceríamos caminhos com menos fios e nisso, simples tramas. 

Foi nesse exato momento, no fim das recolhidas respostas que ouvi aquela voz delicada a me enlaçar pelo peito e dizer: “mamãe, está tudo bem?” 

Surpresa, não foi ouvi-la novamente, sua voz em abraço, meu filho. Surpresa mesmo foi sentir o quanto de verdade, cabia-lhe em cada palavra em real interesse – saber, se alguém está, realmente, bem.... quanta voz, cabe em cada letra! Que possamos, como você, preenche-las. Mas, nada pude dizer, sorrir, nos foi o bastante, naquele infinito espaço para onde, você, me levou! 

É ... olhei para o meu filho e vi em seus olhos, todas as respostas silenciadas. Mas, estavam lá, todas elas a lhe desenhar cada movimento e me acompanhar em profundo acolhimento! 

(Kátia de Souza) 
18-12-2019