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| Desconheço o autor da imagem - via Google |
Se a intuição é um relâmpago, se a experiência interior é um relâmpago, o trabalho científico necessariamente terá de ser construído devagar e com prudência. Jung nunca se embriagou de orgulho nem pelo seu gênio nem pelas suas experiências interiores (experiências que outros freqüentemente interpretam como privilégios sobrenaturais). Se era um homem, outros homens deveriam ter vivido algo semelhante ao que ele estava vivendo. Pois-se então a buscar prefigurações históricas para suas experiências interiores e, nessas pesquisas, fez o surpreendente achado de que o processo pelo qual ele próprio passara correspondia ao processo de transformação alquímica,
A “arte" alquímica seria a projeção sobre a matéria de processos em desdobramento no inconsciente. Vivenciados pelos alquimistas, continuavam acontecendo no presente, segundo o simbolismo que os sonhos de homens e mulheres contemporâneos deixava entrever. Assim, a psicologia analítica encontrou, na alquimia, sua contraparte histórica.
Fiel ao seu método de trabalho, Jung apresentou essa nova descoberta numa conferência feita no Eranos de 1935 - Simbolismo dos sonhos e o processo de individuação, seguida, em 1936, de uma outra - A idéia de redenção em alquimia. Essas conferências foram retrabalhadas e enriquecidas de enorme documentação e por fim publicadas num volume, sob o titulo de PSICOLOGIA E ALQUIMIA, em 1944.
A obra de Jung é comparável a um organismo vivo que cresce, se desenvolve e se transforma simultaneamente com seu autor.
(Nise da Silveira)
