![]() |
| Fotografia do Ballet Bolshoi "Alisa Aslanova"via Pinterest |
Eu queria ter ouvido a música que relativizava as coisas e não aquela que soprou em meu ouvido de certezas infinitas. É, mas não era apenas uma música, eram duas tocando em alto e bom som, a ponto de uma abafar o que na outra se dizia. É, as coisas são assim, enquanto uns escutam samba, outros se aconchegam nos clássicos. E tudo bem, tudo é música. Mas, quando se tem que tocar o clássico para quem ouve samba... Ah! Esse é um desafio daqueles! E dizer e provar que o clássico não é a única música ouvida?! Ah isso é coisa de maluco. Mas, enfim, são assim os nossos passos. Se eu tivesse ouvido a relatividade das coisas, certamente, teria dançado a música, mesmo desajeitada, e sairia do palco mesmo que a plateia ainda ali estivesse, assistindo tudo; não nasci feita de orgulhos que me destroem, então, prefiro nascer de novo que morrer e fingir estar vivo. Mas, só ouvi certezas, então, agora, que conheço o que relativiza, fico aqui, no desajeito das coisas e buscando a saída nos camarins, para quem sabe ao protagonista, apenas, somente a ele, ser o uivo acalorado da plateia e seus aplausos. Afinal, a plateia é quem sabe das coisas. Nos camarins apenas uma música que se calou pensando ter sido ouvida, mas foi tudo imaginação. Crias infantes de certas loucuras que não tem espaço em meio a tanta sanidade. É hora de fechar as cortinas e trocar as vestes. Mas, ainda não se ouve o barulho do destrancar das portas, única música que o silêncio, agora, nos permite!
(Kátia de Souza)
24-02-2020
